domingo, junho 27, 2004

FRAQUEZAS DO CORAÇÃO

Tenho uma bela amiga (antiga namorada) que, desde os seus treze anos de idade (há cerca de uma década atrás), sempre namorou. Com uma porradona de gajos diferentes, convém dizê-lo. Contudo, há uns tempos atrás, passou por um período um bocado difícil em que, por mais que tentasse, e apesar de ser uma rapariga bonita e muito charmosa, não conseguia arranjar namorado (coitadinha da menina! Tenho uma peninha dela que nem vos conto! O mundo, por vezes, é cruel!).

Como ela, nessa altura, confidenciasse muito comigo, assisti de perto ao caso. E sou testemunha de que, se a pobre rapariga não conseguia arranjar namorado, certamente não era por falta de tentar. Simplesmente andava num período negro. Só assim se explica o caso, pois a desditosa rapariga bem se esforçava por contrair namoro com tudo o que tivesse pila e respirasse.

E, efectivamente, pareciam ser essas as duas únicas condições que a menina exigia dos seus candidatos, pois nunca consegui destrinçar qualquer padrão nos seus interesses amorosos que indicasse que ela procurava algo específico. Bastava ao candidato atravessar-se-lhe no caminho e dar-lhe alguma atenção, que ela imediatamente estava rendida. Mas, por diversas razões, consoante os vários casos – e foram bastantes, let me tell you –, a coisa nunca pegava.

Nessa altura, tive a confirmação de algo que suspeitava há muito tempo: a grande maioria dos gajos é uma cambada de lorpas (ou deveria dizer homossexuais?...) incapazes. É esta a única explicação que encontro para o facto de nenhum daqueles bananas ter comido a gaja na altura. Quando uma rapariga bonita, charmosa e, acima de tudo, fácil se insinua a um gajo e ele não a come, ou o gajo é gay, ou é totalmente tapado. Enfim, também pode ser por falta de interesse (pois sim!), por estar comprometido (como se isso, por si só, fosse impedimento!) ou por uma questão de princípios (ha ha ha!), mas, believe you me, não era o caso de nenhum destes pobres trouxas.

Sem qualquer dúvida, o problema desta menina é falta de amor-próprio – como não tem suficiente amor por si mesma, procura suprir as suas carências afectivas procurando desesperadamente o amor dos outros. Mas isso não explica tudo – também eu, por exemplo, já sofri desse mal, porém, sempre fui muito exigente no tocante a raparigas. Este caso, meus amigos, é um perfeito exemplo de alguém que, para além da falta de amor-próprio, não sabe o que quer (so what else is new?) e se deixa conduzir livremente pelos caprichos do Coração. Como se pode facilmente perceber, esta combinação é uma das mais nefastas para o ser humano amoroso em potência.

O género feminino adora defender, prosaicamente, que não se pode ir contra os desejos do Coração, mas eu contraponho que, quando uma pessoa sofre de falta de auto-estima e não sabe o que quer (ou seja, a esmagadora maioria da gente que anda para aí!), é bom que se ponha um travão a esse inconsciente do Coração! Se não em consideração pelos sentimentos dos outros, pelo menos em atenção aos próprios sentimentos. Pela própria saúde.

E depois elas ainda se queixam dos homens, que são uma cambada de sacanas que só querem aproveitar-se delas, comê-las e largá-las. Têm razão, claro, mas, vendo as coisas pela perspectiva do Jacaré, respondam sinceramente, não acham que elas estão mesmo a pedi-las?...

segunda-feira, junho 21, 2004

DONO DO SEU CORAÇÃO

Quinta-feira: na aula de Danças de Salão, danço uma romântica valsa inglesa com a quarentona. Sexta-feira: no baile de Danças de Salão no Mercado da Ribeira, danço algumas kizombas bem quentes com a minha ex (pois, eu sei bem o que ela quer...). Sábado: no jantar de gala e baile de Danças de Salão em Cascais, danço uma kizomba ardente com a simpática e sensual anfitriã do evento, uma rumba caliente com a sua aluna Céu e um fluido quickstep com a mui bela, elegante e florida Cema (que acabo de conhecer). Troco ainda uns olhares electrizantes e insistentes com V., a escultural professora de Salsa (que deve ter gostado do meu ar de mafioso italiano, de terno escuro, gravata branca e rabo-de-cavalo). Ah, estou apaixonado!

... Por qual delas? Por nenhuma. Ainda. Estou apaixonado, simplesmente! Pela vida, pela dança, pelas belas raparigas! Por ser livre para todo um mundo de possibilidades! Estou apaixonado pela perspectiva de me vir a apaixonar por uma destas raparigas! Sinto que pode acontecer com qualquer uma delas (à excepção da minha ex, claro. Ela dança uma boa kizomba, concordo, mas é árvore que já deu frutos). Basta apenas esperar pela altura certa para escolher.

“Uma pessoa não escolhe apaixonar-se,” dizem-me. Balelas! Não há treta mais esfarrapada e inconcebível, em que as raparigas acreditam como se fosse um dogma irrefutável e por que se regem como se fosse religião, como a tanga de que uma pessoa não manda no próprio Coração.

Para começo de conversa (e só para ser chato), o óbvio: o coração é mera máquina que bombeia o sangue para todo o corpo. Por ali não passa nem Paixão, nem Amor, minhas amigas. Apenas sangue. Detesto arruinar-vos a poesia da coisa (mentira, não detesto nada, estou a brincar!), mas é na cabeça, mais concretamente no cérebro, que tudo acontece. O prazer que advém do fabuloso sentimento de apaixonar-se e/ou amar mais não é que a reacção produzida pela actuação de certos neurotransmissores (dopamina e endorfina) a nível do cérebro, que causa aquela inebriante sensação de prazer e bem-estar. Porque acontece ou o que a faz despoletar são questões cujas respostas são alvo de muitos estudos e inúmeras especulações. Porém, como não é essa a questão aqui em causa, digamos que isso depende da inclinação (ou da tara) de cada um. Uns têm um fraco por loiras, outros gostam de pretas ou asiáticas. Enfim, concedo que esta inclinação inerente do desejo não possa ser manipulada. Mas evolui com o tempo. E pode ser educada.

Assim como também pode ser educado o próprio desejo em si, ou, por outras palavras, aquilo que é vulgarmente entendido como os “sentimentos do Coração.” Como? Pela Cabeça, claro! É a velha história da Cabeça contra o Coração ou, se preferirem, do Sentimento versus Razão. Quantas vezes não cedemos à tentação do Sentimento em detrimento da dureza da Razão! A carne é fraca, não é? Mas um pessoa não deve ser joguete dos caprichos do Coração, sob risco de se tornar volúvel e se ver constantemente enganada, magoada e abusada! Além disso, quando a relação azeda de vez e tudo desmorona à nossa volta, é a Cabeça que nos tira da merda. Porque o Coração, esse, fica partido e, durante uns tempos, não nos serve de nada.

Uma das lições mais valiosas que retirei da minha experiência amorosa é que um gajo tem de dar sempre ouvidos à Razão. Só a Razão nos permite ver para além do Sentimento que nos tolda o discernimento. Nos ensina a deixar de amar quem nos faz mal. E nos ensina a amar quem nos faz bem (que é diferente de querer bem – entre o querer e o fazer vai uma grande diferença).

Se não fosse a Razão a ponderar o meu Sentimento, eu seria um desastre amoroso. Todos os dias, ao sair à rua, vejo raparigas que mexem comigo de maneira avassaladora. Se me deixasse guiar somente pelo Coração, apaixonava-me de novo a cada cinco minutos! Wheeeee!...

domingo, junho 20, 2004

O ESTADO DA NAÇÃO

No jogo decisivo de qualificação para os quartos de final do Euro 2004, Portugal defronta a Espanha, no desafio que é apelidado de grande combate ibérico. Na boa tradição iniciada por el-rei D. Afonso Henriques, a selecção das quinas limpa o sebo à espanholada e envia essa gente mais cedo para casa. Que é para aprenderem.

Aplaudo. Apesar de não ligar a futebol, sempre é a nossa selecção, que diabo! Para cúmulo, a derrotar os espanhóis! Pode lá haver coisa melhor!

Contudo, há algo que, por mais tentativas que faça, falho sempre por compreender. Tento imaginar, passo a passo, a sucessão de acontecimentos que levam o caso a produzir-se, mas isso só produz o efeito de me fazer parecer todo o processo ainda mais absurdo. Sigam o meu raciocínio... Um qualquer portuga (lisboeta, por exemplo) está muito bem em casa, a ver um importante desafio de futebol da sua selecção, que vence. Exultante de felicidade, o nosso amigo, compreensivelmente, decide sair para comemorar a vitória da sua equipa. Contudo, ao invés de ir beber um copázio com os seus compinchas à saúde da selecção, o que me parece ser a consequência mais natural, o gajo decide encafuar uma data de pessoal no carro, excedendo aquilo que a sua lotação permite e violando todas as regras de segurança para os passageiros, e guiar à toa por toda a Lisboa, buzinando alegremente pela noite fora, enquanto os amigos, empoleirados das janelas do carro, agitam cachecóis e bandeiras portuguesas cantando “Portugal olé, Portugal olé.”

Não contentes com isto, têm a brilhante ideia de se dirigir para a rotunda do Marquês de Pombal, entupindo completamente o trânsito com outros gajos que se lembraram de fazer o mesmo (!), para, finalmente, se juntarem todos aos pés da estátua, cantando o hino nacional até o Sol raiar e agitando as bandeiras e cachecóis à frente das câmaras de televisão presentes no local.

Quer dizer... ou é a mim que me falha alguma coisa, ou isto é a maior manifestação de estupidez à escala nacional que já me foi dado presenciar! É nestas alturas que acredito que sou estranho a este mundo...

terça-feira, junho 15, 2004

A PROPÓSITO...

... E por falar nisso, eu realmente tenho uma t-shirt do Piu-Piu! Com um desenho do sacana amarelo e cabeçudo feito por mim, a pedido do meu grande amigo Nino (cheers, mate!). A início, recusei-me a aceder a tal pedido – os meus nobres princípios assim o exigiam. Mas depois, o meu amigo explicou-se melhor: “Eu quero um desenho do Piu-Piu que tenha mais vermelho que amarelo. Percebes?”

Então não percebo! Now you’re talking my language! E fiz o desenho. Ainda hoje a minha t-shirt do Piu-Piu choca miúdos e graúdos quando saio com ela à rua. Mas nada bate a expressão de horror que ela provoca ao género feminino em geral.

LOSER

Saem os resultados do concurso para o cartaz do Andanças 2004. Ganha a proposta da Sónia Ribeiro, que podem apreciar em www.pedexumbo.com. Parabéns, cara colega. Agora que atingiu os seus cinco minutos de fama, já pode morrer feliz (e espero que em breve). A sua proposta é superior à minha, o que significa que o perdedor sou eu. A minha frustração, matizada de inconcebível humilhação, é tão horrorosamente intolerável que nem sei como reagir a esta esmagadora dor. Hesito entre amputar o estreito fio que me prende a esta existência deplorável ou sair para a rua num frenesim homicida, procurando compensação no assassínio gratuito e sangrento de todo e qualquer miserável arremedo de ser humano que tenha o azar de se atravessar no meu caminho neste negro dia de profundo aviltamento. Pensando bem, talvez faça ambas as coisas. O assassínio indiscriminado antes do suicídio, claro, caso contrário, o plano será bem mais difícil de concretizar.

Obviamente, nesse dia, não me posso esquecer de vestir a minha gabardina preta. No walkman, a tocar em loop continuo, o "Surfacing" dos Slipknot. Em casa, no quarto forrado de posters de bandas de heavy metal, páginas rasgadas do "Johnny The Homicidal Maniac," do Jhonen Vasquez, espalhadas sugestivamente pelo chão e salpicadas de sangue. Na gaveta das cuecas, uma galinha preta morta (de onde se descobrirá, posteriormente, provir o sangue presente nas páginas do comic). Vou dar um caso interessante na televisão.

Ou talvez... Não, pensando melhor, este cenário já está muito visto; o mundo (e os meus fãs) gritam por algo original! Algo realmente perturbador! Demente! Insano! Ao invés da gabardina preta, irei vestido de palhaço, com todas as cores do arco-íris, um grande nariz vermelho, sapatos enormes e calças largueironas. No walkman, a tocar em loop continuo, uma colectânea de jingles de anúncios televisivos a brinquedos (desde o Nenuco® à Playmobil®, passando pela Polly Pocket® e os MicroMachines®). Em casa, no quarto forrado de posters da Anne Geddes, páginas rasgadas de livros da Danielle Steel e do Nicholas Sparks, espalhadas sugestivamente pelo chão e salpicadas de uma substância viscosa e esbranquiçada. Na gaveta das cuecas, várias Barbies® decapitadas, também cobertas da tal substância esbranquiçada (que se descobrirá, posteriormente, ser esperma – o meu, claro). Vou dar um caso mesmo interessante na televisão.

Mas o melhor de tudo, la pièce de résistance, será a t-shirt do cabeçudo e sorridente Piu-Piu que levarei vestida. O vermelho sangue fica muito bem sobre amarelo.

sábado, junho 12, 2004

A PORTUGUESA

Portugal vestiu-se de verde, vermelho e amarelo para o Euro 2004. Basta sair à rua e deixar vaguear livremente os olhos. As fachadas dos edifícios, as montras, as janelas, as varandas, os automóveis, as próprias pessoas – tudo e todos estão enfeitados com as cores nacionais. Por todo o lado, a nossa bela bandeira vermelha e verde esvoaça orgulhosamente ao vento.

É bonito ver todos os portugueses unidos no apoio e no amor a esta causa de orgulho nacional que é a nossa selecção de futebol. Nada no nosso país exalta o fervor nacionalista que existe dentro de cada um de nós como a causa futebolística. Infelizmente, a par deste orgulho nacional, bem patente nestas demonstrações exibicionistas, também a burrice nacional se apresenta bem visível. De tal maneira que acaba por ser normal encontrar por esse país afora a nossa infeliz bandeira pendurada do avesso (com o campo verde para a direita) e até mesmo invertida! Mas quem diabos se lembra de virar o escudo e os castelos de pernas para o ar?!... Não pode ser distracção, é burrice pura! Portanto, para evitar mais desrespeitos à nossa querida bandeira, decidi publicar algumas informações e factos a ela relativos. Aqui vai:

Dimensão: A largura da bandeira corresponde a três vezes metade da altura.
Campo verde: Ocupa dois quintos da largura da bandeira e representa a Esperança e o mar. É esta a ponta que fica agarrada ao pau (salvo seja). Ou à esquerda, quando não há pau onde se pendurar a bandeira.
Campo vermelho: Ocupa os restantes três quintos da largura da bandeira e representa a coragem e o sangue dos portugueses derramado em combate. Esta ponta flutua ao vento.
Esfera Armilar: Antigo emblema pessoal de D. Manuel, representa os Descobrimentos Portugueses dos séculos XV e XVI (não é triste que, ainda hoje, o nosso maior motivo de orgulho nacional seja algo que aconteceu há quinhentos anos atrás?...). O seu diâmetro é igual a metade da altura da bandeira.
Sete Castelos sobre bordadura vermelha: A borda vermelha castelada a ouro constitui um símbolo heráldico de Castela, entrando na heráldica portuguesa pelo casamento de D. Afonso II (pai de D. Afonso III) com D. Urraca, de Castela. De acordo com as práticas heráldicas da época, e não sendo D. Afonso III o filho primogénito de seu pai, não deveria usar as armas paternas. Assim sendo, a bordadura dos castelos diferenciava-o de D. Sancho II, seu irmão mais velho, de quem veio a tomar o trono por deposição papal. E esqueçam as balelas sobre simbolizarem os castelos as cidades fortificadas que D. Afonso III conquistou aos Mouros no Algarve – não foram sete, foram muitos mais e o seu número na bandeira variou bastante ao longo do tempo (e sempre em número superior a sete)! Só no final do século XV, com D. João II, é o seu número definido.
Cinco Quinas: Representam as cinco chagas de Cristo, que, segundo reza a lenda, surgiu numa visão com os seus cinco ferimentos a D. Afonso Henriques antes da Batalha de Ourique, prometendo-lhe protecção para o Reino e a fundação de um Império. Há quem defenda que representam os cinco reis mouros que D. Afonso Henriques derrotou na supracitada batalha. E há também quem defenda que isso é mentira, pois não há nenhuma comprovação histórica irrefutável que autorize esta tese (e, realmente, cinco reis mouros abatidos de uma só cajadada parece-me um bocado forçado!).
Bezantes ou Dinheiros (pontos das quinas): Representam os trinta dinheiros em prata que Judas Escariote recebeu pela traição de Cristo (povinho religioso, hã?). Para aqueles que estão a fazer as contas, saibam que se devem somar os bezantes das quinas no sentido vertical e no horizontal, contando os da quina central duas vezes, o que perfaz trinta.

E pronto. Agora, aproveitem para impressionar as miúdas com tudo o que aqui aprenderam (elas curtem gajos inteligentes!). Só não publico também o Hino Nacional porque me recuso a acreditar que haja para aí quem o não saiba de cor! Agora não me deixem ficar mal, pessoal!

INSEGURANÇA NACIONAL

No jogo inaugural do Euro 2004, Portugal defronta a Grécia, naquele que é o primeiro encontro da fase de apuramento do Grupo A (ena pá!, a falar assim, parece mesmo que eu até percebo de futebol!). Infelizmente, e se não tem sido o golo de Cristiano Ronaldo já em tempo de compensação, a equipa das quinas engolia dois secos que teriam sido de mui difícil digestão. Vá lá, salvou-se parte da honra portuguesa por intermédio do bonito golo que o puto marcou.

Em Fão (perto de Esposende), na casa de praia de uns tios meus, assisto ao desafio. Assisto é maneira de dizer – a verdade é que, pouco depois do golo de Karagounis, adormeço e assim passo toda a primeira parte do jogo. Da segunda parte, aproveito apenas os últimos quinze minutos; o resto do tempo dedico-o à leitura de um almanaque da Disney (da Disney, hã?! Vejam lá bem o que eu ligo ao futebol, se até um Patinhas me chama mais a atenção!).

Apesar de tudo, noto diferenças abismais no jogo da selecção nacional entre os minutos iniciais e os minutos finais. À entrada em campo, a equipa portuguesa é um conjunto nervoso, cheio de deferência e salamaleques a tratar a bola e denunciando uma enorme carência de confiança, o que provoca falta de unidade na equipa. Só no final, depois de engolir os dois secos, e quando a esperança de ganhar diminui desesperadamente, é que parece controlar-se minimamente e se desdobra no sentido de virar o resultado.

Porque razão parece a selecção jogar melhor quando está na mó de baixo? Simples: devido à pressão das expectativas. Para uma equipa que, como a portuguesa, tem claramente um grave problema de falta de confiança, a pressão de ganhar e fazer boa figura não só perante o seu país, mas também perante todas as nações que recebe para a competição, é esmagadora. Nestas condições, o fantasma da derrota e da humilhação cresce desmesuradamente e abafa a força de vontade da equipa, tornando-a hesitante e desconcentrada. Fraca.

Consequentemente, só quando o jogo parece perdido, após dois golos da equipa adversária, é que o medo da derrota, por parecer tão certa e inexorável, se desvanece (perdido por cem, perdido por mil, não é?). E, somente a partir desse momento, a equipa começa a jogar melhor.

O que é verdade para o indivíduo, é também verdade para o conjunto. Vamos a ver como se comporta a equipa no próximo jogo. Não quero ser pessimista, mas, sem auto-confiança, esta equipa não tem estofo para chegar muito mais longe. Nem merece.

sexta-feira, junho 11, 2004

MELHORES AMIGOS

Há alturas em que dou graças por não ter que aturar uma mais-que-tudo...

Aquando da minha visita a Santiago de Compostela, algures durante a Missa do Peregrino da tarde, o meu pai deve ter irritado a minha mãe. Quando o meu irmão e a namorada, a Evita e eu nos reunimos aos cotas, depois do ofício religioso (que, obviamente, dispensámos), a minha mãe está de semblante carregado e, da maneira como ela está, só pode ter sido o meu pai e a sua rude insensibilidade a provocá-lo. Notamos todos que algo está errado entre eles, mas calamos.

Pouco depois, reunimo-nos aos meus tios no jardim, para um piquenique. À excepção do meu irmão e respectiva, que se afastam rapidamente pelo jardim afora, sem avisar seja quem for. Após a sua falta ser notada (e comentada com algum desagrado pelo meu pai), a Evita e eu voluntariamo-nos para os ir procurar. Encontramo-los, a conversar entre alguma tensão, mas, depois de uma recepção um pouco ríspida por parte do meu irmão, compreendemos que eles necessitem de alguns momentos a sós e regressamos para junto do resto da família.

“Não percebo o que é que esse gajo tem na cabeça! Agora que vamos comer é que ele decide desaparecer?! Não podiam conversar mais tarde?” pergunta o meu pai, irritado. Claramente, o meu pai já esqueceu a sua juventude há muito tempo, caso contrário não faria uma pergunta tão cretina. Todas as relações amorosas têm os seus momentos de desatino e, nessas alturas, o resto do mundo tem mesmo de ficar em stand by. Ainda que as razões para o desatino sejam absolutamente mesquinhas e insignificantes, como acontece com frequência em muitos namoros.

Mais tarde nesse dia, os meus pais planeiam o programa para o dia seguinte. A Evita e eu ouvimo-los e estamos entusiasmados com o projecto, mas o meu pai dispara de imediato que “não vou aturar má disposição de ninguém! Se é para andar com má cara, mais vale ficarem em casa!” A Evita e eu entreolhamo-nos, surpreendidos por esta explosão inesperada (e despropositada). “Má cara?... Tu estás chateada com alguma coisa?” pergunto-lhe eu. “Eu não!” responde ela. “Eu também não. Portanto, se a carapuça não nos serve, ele deve estar a referir-se a outra pessoa.” Não sei exactamente com quem está ele chateado: se com o meu irmão, se com a minha mãe, se consigo próprio. Talvez com todos. Mas descarregou nas pessoas erradas.

É nestas alturas, em que vejo o pessoal à minha volta atrofiar desnecessariamente devido a problemas de caca com a sua mais-que-tudo, que dou graças por não ter que aturar atrofios amorosos de ninguém. Já passei por muito disso, sim, e sei bem como é. E voltarei, com certeza, a passar, mas, por agora, sinto-me feliz por só ter de me aturar a mim mesmo. É um descanso!...

E, na verdade, a Evita e eu estamos bem demais para nos preocuparmos seja com o que for. E ainda nos rimos à conta da situação. Somos apenas amigos e não namorados, logo, não há desatinos entre nós. Estamos completamente à vontade um com o outro e com a nossa relação. Eu posso babar-me à minha vontade com todas as beldades que vejo à minha volta, que ela não só não se preocupa, como ainda acha piada, chegando mesmo ao cúmulo de chamar a minha atenção para uma ou outra rapariga que possa ter escapado ao meu olhar perscrutante!

Sinto-me mais confortavelmente eu na companhia da Evita do que alguma vez me senti com qualquer namorada. Mas é normal – somos os melhores amigos; não temos a Pressão do Amor a pesar-nos nas costas. E viva a amizade!

SANTIAGO DE COMPOSTELA

Visito Santiago de Compostela, na companhia dos meus pais e tios, irmão e respectiva namorada. E a minha melhor amiga Evita. Não é a primeira vez que venho a Santiago – a última vez foi no ano de ’99 e, antes disso, em ’93. Ou seja, as minhas visitas a esta terra coincidem sempre com o Ano Jacobeu – o ano de peregrinação.

Não é que seja crente. Não. Vou apenas pelo passeio e o Jacobeu é uma razão tão boa como qualquer outra para um gajo passar um fim-de-semana prolongado fora com a família, em passeio. A propósito de família, os meus tios, sim, esses são crentes. E, claro, aproveitam a visita à catedral para cumprir os vários rituais da praxe: atravessar a porta que apaga os pecados cometidos e purifica a alma, tocar a coluna de pedra que o santo tocou (já gasta de tanta manápula lá esfregada), dar três marradinhas na sua estátua de pedra para lhe pedir sabedoria e abraçar o santo, beijar-lhe o manto e dar uma olhada no relicário onde descansam os seus restos mortais.

No meio de todas estas superstições dementes, vale a pena assistir à Missa do Peregrino. Ou melhor, vale a pena assistir aos últimos quinze minutos da missa, que o resto é a seca habitual – agravada pelo facto de ter de se permanecer de pé, pois a catedral está à cunha com peregrinos de mochila às costas (e a tresandar a catinga), turistas europeus, tiazorras de Cascais (que nem aqui um gajo escapa dessa gente!) e, pior de tudo, cotas crentes fervorosos que não respeitam nada nem ninguém (porque julgam que, lá por serem mais velhos que Matusalém, têm o direito de passar por cima de qualquer gajo). Pôrra, mil vezes a confusão do Rock in Rio! Os cotas é que não!

Seja como for, e como estava a dizer, vale a pena assistir aos últimos quinze minutos da missa, quando oito sacerdotes suspendem da cúpula central o botafumeiro (um gigantesco pote metálico que, tal como o nome indica, bota fumo), fazendo-o balançar ao longo de todo o comprimento do transepto da catedral. É espectáculo digno de se ver.

Dignas de ver são também as meninas espanholas. Meus amigos, vale a pena ir a Santiago de Compostela para isto! Que coisa linda! Não é que elas sejam mais bonitas que o nosso material nacional, o que acontece é que as meninas espanholas apostam forte na produção. E fazem-no desde tenra idade. Muito arranjadas, lá se passeiam elas pelas ruas, com generosos decotes, arrojadas mini-saias e muita pele à mostra (eu gosto é do Verão!). Muitas são pitas, é verdade, mas o que é belo é para se ver. E os olhos também comem. O Jacaré aconselha.

terça-feira, junho 08, 2004

HEAR YE! HEAR YE! (ONCE AGAIN)

Grande acontecimento! Estão todos e todas convidados e convidadas para assistir à 2.ª exibição do Grupo de Danças de Salão do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal, daqui a uma semana, na próxima terça-feira, dia 15 de Junho (e não a 17, como inicialmente estava previsto), às 17:00h, no Edifício Portugal, sito na Rua Francisco Ribeiro, n.º 2 (paralela à Avenida Almirante Reis, na zona dos Anjos). A entrada é livre. E o Jacaré dança (mais uma vez)! Be there!

Durante os intervalos do espectáculo, realizar-se-á o concurso para a Melhor Claque do Jacaré, em que será avaliado o cartaz, as palavras de ordem e o hino de cada claque participante por um júri competente, imparcial e idóneo. Os prémios para a Melhor Claque do Jacaré incluem massagens de corpo inteiro para as meninas e apertos de mão para os gajos (salvaguardando a distância mínima de segurança de 50 cm entre as partes pudibundas). Este concurso é patrocinado por Bagaço Trotil, “o bagaço que é uma Bomba!”

segunda-feira, junho 07, 2004

XXX

Devo ter uma ou duas costelas de psicólogo. É comum os meus amigos (sem distinção de sexo ou idade) procurarem-me para desabafar sobre os seus problemas, especialmente os amorosos. É com certeza porque tenho ar de bom ouvinte (sim, deve ser das orelhas...). Há uns tempos atrás, em conversa com uma amiga minha (uma antiga namorada), ela desabafava sobre a sua relação amorosa da altura (sim, porque, entretanto, já muita água correu por baixo daquela ponte). Tirando as habituais tricas entre namorados, tudo ia bem. Mas, a dado momento, baixando o tom de voz, ela confidenciou ter encontrado inadvertidamente, numa altura em que trabalhava no computador do namorado, um directório a abarrotar de imagens pornográficas. O choque! A tragédia! O horror!...

“Achas isto normal?!” pergunta ela, sem esconder o seu ultraje. Encolho os ombros: “Acho.” “A sério?!... Estás a gozar!” diz ela, incrédula. “Estou a falar a sério! Todos os gajos fazem isso. E não há nada mais natural: o homem gosta de carne e os olhos também comem. A única diferença é que enquanto uns preferem pornografia, outros gostam mais de erotismo e outros ainda de nu artístico. De igual modo, cada um tem a sua tara: uns preferem loiras, outros pretas, outros asiáticas, outros mamalhudas, outros gostam de lésbicas, outros de sodomia e outros de cumshots.” “Gâm-xó...?” “Esquece; eu qualquer dia mostro-te. Seja como for, não conheço gajo nenhum que não tenha o seu directoriozinho malandreco refundido no computador.” Ela está siderada: “Tu também?” “Claro que sim! Eu gosto da mulher por inteiro, mas tenho especial predilecção por ancas e cus torneados e fetiche por cuequinhas.” Pausa. “E... também tinhas esse ‘directório malandreco’ quando nós namorávamos?...” pergunta ela, meio a medo. “Não...” “Ah, bom.” “... Tinha apagado, porque precisava do espaço no computador.”

Ela fica sem palavras. Aposto que o mundo, para ela, adquiriu uma outra dimensão após esta revelação esmagadora. Mas eu entendo o seu espanto – o gosto pela pornografia é algo que todo o homem tenta, de uma maneira geral, esconder da sua parceira. Ela nunca entenderia a sua obsessão pelo sexo anal, pelo ménage a trois, ou pelas ejaculações faciais. Verdade seja dita que nem ele deseja que ela entenda! Gaja que gosta disso só pode ser puta: boa para comer, nunca para namorar. E mesmo ela própria prefere fechar os olhos às provas evidentes da existência desta mania pela pornografia que, muito desajeitadamente, ele vai tentando encobrir. Porque aquilo fere-a directamente no orgulho. Não conheço mulher nenhuma que ache piada a ver o seu homem excitado por outro pito que não o seu (há quem o tolere, mas é tudo). Ela gosta de acreditar que ele só precisa de recorrer à pornografia quando não tem uma companheira a sério que lhe encha as medidas na cama (ou seja, antes e depois dela aparecer na sua vida, mas nunca entretanto).

No fundo, estamos (mais uma vez e sempre) a falar de insegurança: para elas, homem dado a pornografia é homem que não está satisfeito e é, portanto, potencialmente adúltero. Mas isso é reduzir toda a problemática da relação amorosa ao sexo e a satisfação de um homem numa relação amorosa nunca se limita somente ao sexo (ainda que assim possa parecer). Porque, na realidade, se um homem for adúltero, há-de sê-lo com ou sem pornografia. Não é isso que faz a diferença.

Há que encarar a pornografia sob uma perspectiva saudável. Para o homem, a pornografia é tão somente a relação sexual que ele estabelece consigo próprio. Tenha ou não companheira. É uma maneira de entrar em contacto com os seus desejos sexuais mais íntimos e de aprofundar a relação com o seu próprio corpo. Sem trair a parceira! O que existe de negativo nisto? Nada! Bem pelo contrário, pois, habitualmente, é ela própria quem acaba por beneficiar da excitação nele provocada pelo uso da pornografia. Afinal, em quem é que ele acaba por malhar forte e feio para descarregar? Faça as contas. Pornografia, caras amigas, é garantia de rego sempre atulhado de sexo.

sábado, junho 05, 2004

AI! UI! AU!

O Rock in Rio deixou-me todo partido. Estou rouco e dói-me a garganta, por causa do pó e porque andei a berrar até sangrar, e dói-me o corpo de tal maneira que parece que levei uma coça de meia-noite. Doem-me especialmente os trapézios, de abanar o capacete, e os braços, de tanto esmurrar o ar e saudar as bandas com o sinal da besta.

Mas eu também sou muita parvo! Quem manda um cota com a minha idade andar na moshalhada das seis da tarde até às quatro da manhã? E vá lá, que eu até tenho algum cuidado comigo e nem sou muito exagerado quando salto para o mosh! Creio que, comparado com o suicida do meu irmão, por exemplo, eu não passo de um menino de coro. Mas, ainda assim, “‘tou que nem posso!”

Se o meu estado presente vos servir de indicador da excelência do dia de ontem no Rock in Rio, meus amigos, deixem-me dizer-vos que só não estou em pior estado porque os Slipknot não tocaram “Left Behind” (que nunca esperei que deixassem de fora!), nem os Metallica tocaram “The Four Horsemen” (capricho meu, eu sei, mas teria sido bonito). Caso contrário, eu hoje não estaria aqui.

Apenas lamento não ter podido berrar a plenos pulmões (ou o máximo que a minha garganta dorida me permitisse) a letra de “Last Caress” (outra que os Metallica esqueceram...):

I’ve got something to say
I raped your mother today
Doesn’t matter much to me
As long as she’s spread

Ah, teria sido (ainda mais) delirante...

ROCK IN RIO: METALLICA

Contrariamente ao resto das bandas, que tocaram à hora anunciada, os Metallica fazem-se esperar. Não é muito, mas o suficiente para deixar a assistência exasperada – depois de horas a berrar e a moshar, o cansaço é grande e não há paciência para atrasos.

Pouco depois da uma da manhã, finalmente, começam! E o concerto é um espectáculo! Esta banda já tem muitos anos de vida e os gajos são veteranos na lide! Para o povo lusitano, apresentam um concerto muito old school – é só som antigo! Dos álbuns mais recentes, tocam apenas “Frantic” e “St. Anger,” do álbum “St. Anger” e “Fuel,” de “Reload.” Do álbum “Load,” fica tudo de fora – nem o “Until It Sleeps” escapa. De resto, todos os hits estão lá: “One,” “Master Of Puppets,” “Welcome Home (Sanitarium),” “Creeping Death” e, claro, “Enter Sandman,” “Wherever I May Roam” e “Nothing Else Matters.” Destaque ainda para os inesperados “Blackened,” “Lepper Messiah,” “Harvester Of Sorrow,” “Sad But True” e “Hit The Lights” (o seu primeiro grande sucesso). A fechar, o grandioso “Seek And Destroy.”

Que noite do caraças! O público está em êxtase hipnótico. E o James é quem o comanda e incita. Contudo, esta assistência não precisa de grande estímulo – está ali para dar tudo o que tem para o espectáculo. E dá-o! Esta gente canta, dança, aplaude, berra e mosha como se fosse uma única entidade. Grandioso! É impressão minha, ou o James está emocionado?...

Passa das três e meia da manhã quando o espectáculo termina. Cansado, dorido e empoeirado, o público dispersa e prepara-se para o regresso a casa. Felizmente, o meu colega e eu estamos de carro, caso contrário, teria sido um regresso torturante. Mal me tenho em pé quando chego a casa. E, vá lá, mesmo assim, não estou tão mau quanto no Super Bock Super Rock de ’97, no Passeio Atlântico de Algés, quando os Rage Against The Machine cá estiveram (no maior mosh de toda a história musical de Portugal! Acreditem!). Nessa noite, cheguei a casa cinzento do pó. Até as pestanas estavam cinzentas! Quando tirei a roupa (com extremo cuidado), ela aguentava-se em pé. E ali a deixei, para os Apocalyptica, na noite seguinte.

Ah!, dias memoráveis! Vale bem a pena um gajo arrebentar-se todo para curtir em pleno!

sexta-feira, junho 04, 2004

ROCK IN RIO

Chego ao recinto do Rock in Rio quando já passa bastante das cinco da tarde. No Palco Mundo, os Civic já tocam. E o som é fixe. Mas aproveito a altura para dar uma volta pelo recinto, que não sei se mais tarde terei oportunidade (ou disposição) para o fazer.

Fogo, qu’ esta merda é GRANDE! E é só pessoal por todo o lado; faz-me lembrar o último dia da Expo (com a diferença que esta malta é toda mais dark, ou não fosse este o dia da metalada). Troco alguns euros por rocks (a moeda oficial do evento), para esbanjar em cerveja mais tarde, dou um pulo à Tenda Electrónica e à Tenda Raízes só para morder o ambiente (que, àquela hora, ainda está mortiço), passo na Área VIP para dar um beijo a uma amiga (e regalar os olhos nas belas febras que por lá se passeiam), dou um salto ao stand da Vodafone para curtir o Batepé – e ficar desiludido com a prestação feminina (porque diabos se metem elas naquilo, se depois acabam por boicotar a cena com o acanho, as hesitações e as negas? Não faz sentido! Mas, e daí, quem diz que elas fazem sentido?...) – e, finalmente, ala para o Palco Mundo, que os Moonspell vão tocar.

Bom concerto dos Moonspell, com a minha preferência musical a incidir sobre o material mais antigo – “Alma Mater” e “Vampiria” não podiam faltar, claro, com grande moshalhada a brindar aquela. Fecham com “Full Moon Madness” e, pelo meio, “Opium” leva as hostes ao rubro. Tiro umas fotos no meio do mosh com a minha SuperSampler® da Lomo®; espero que fiquem fixes! Se o pó deixar ver alguma coisa, claro. O piso é de terra batida e, quando o pessoal salta, é ver o pó a subir em nuvens imensas. Respirar aquilo é muita bom – fica-se com macacos lamacentos.

Curto à brava o concerto dos Sepultura que, de todas as bandas, era a única que não conhecia ao vivo. Tenho a sorte de ficar ao lado de uns cotas da minha idade que, tal como eu, curtem o som da era Max Cavalera. Não é que não goste do Derrick Green – o gajo é um bacano e tem uma voz do caraças. O problema é que deixei de ouvir Sepultura deles desde que eles kickaram o Max da banda (o próprio irmão; que coisa feia!). Ponto alto da prestação: “Roots Bloody Roots,” claro. Mas, para mim, é “Slave New World” e “Propaganda” que arrebentam à brava!

Slipknot é uma brutalidade! Que violência! Assim que o concerto começa, o mosh instala-se. As pitinhas que estão perto de mim são engolidas pela chusma enraivecida para nunca mais voltarem à tona. No palco, com novas máscaras (o DJ Sid abandonou as máscaras de gás e agora tem uma caveira – o cabrão roubou-me a ideia!) e algum novo som, a banda põe todo o recinto a saltar! É lindo o mosh brutal durante “Spit It Out,” a mesma brincadeira que os gajos fizeram em 2001 no Pavilhão Atlântico (I was there!). Só que, desta vez, a escala é muito maior! E o sacana do Palhaço Shawn a malhar nos barris com o taco de baseball de titânio! E o Corey a cantar o "Surfacing" enrolado na bandeira portuguesa! G’anda banda! Também tenho que formar uma assim, com montes de pessoal, para a malta ter tempo para moshar pelo palco e fazer a merda toda que quiser nos intervalos em que não estiver a tocar! Uma trip total! Só tenho pena de já estar a ressentir-me em demasia do pó na garganta, que me impede de continuar a gritar – isto dói p’a caraças!

Meio litro de Sagres depois e já estou mais aliviado. Descansa-se um pouco e depois ala para ver os Incubus – estava a pensar bazar até à Tenda Electrónica e curtir uma beca de martelinhos (só para o gozo), mas o meu companheiro quer ver estes gajos. Enfim, lá acedo. Mas arrependo-me – até as bolinhas eram melhores que aquela musiquita para meninas. Vá lá, ao menos, reconheço o dobro das músicas que esperava! Além de “Drive,” também “Wish You Were Here.” É o dobro!

E Metallica? Coming up next...

quinta-feira, junho 03, 2004

O PADRINHO II

“Os padrinhos da noiva pagam o vestido dela,” esclarece uma amiga minha. “Só isso? Fixe!” respondo eu, alegremente. “’ isso?’ Tu fazes ideia de quanto pode custar um vestido de noiva? Pode chegar aos 2 500 €! E o fato do noivo também anda lá perto.”

Pôrra, que me queimei! 2 500 €?! Por um vestido que vai ser usado uma vez na vida?! Agora percebo porque razão há tantos divórcios! É para aumentarem as possibilidades de fazer render o investimento feito no vestido de noiva! Só pode! Que outra razão pode haver para uma pessoa gastar tanto dinheiro em algo que só será usado uma vez? Estes romanos são doidos!

Felizmente, a minha amiga é uma rapariga moderna, que não liga a tradições antiquadas, e, portanto, não me obriga a pagar seja o que for (apesar de estar a considerar gastar 1 000 € no vestido!). Nem eu contaria que o fizesse, pois sei que, se me convidou para padrinho, fê-lo pela amizade que partilhamos e nunca por questões de ordem pecuniária. Contudo, obviamente, eu entendo cá para mim que devo honrar o voto de profunda amizade que ela me dedicou ao convidar-me para ser seu padrinho de casamento e é exactamente pelo facto de saber que ela não me obriga a pagar seja o que for que me faz querer fazê-lo – porque gosto dela.

De qualquer maneira, ofereço-me para lhe desenhar o modelo, ideia que muito lhe agrada (ou não fosse ela uma das pessoas que, desde sempre, mais exaltou – e abusou – do meu talento para o desenho). Pergunto-lhe se quer uma caveira a toda a largura das costas, mas ela recusa de modo veemente. Pfff! As raparigas sabem lá o qu’ é qu’ é fixe!

Uma nota final: conta-me ela que a Moli (a excelente febra com quem vou fugir no final da cerimónia) ficou “toda contente“ por saber que serei eu o padrinho. Palavras da menina: “Ainda bem que é com ele que vou fazer par! Gosto imenso dele, é um porreiraço! Ainda por cima, o gajo está todo bom! Tu viste-me aquelas fotos das Danças de Salão? Caraças, o gajo está mesmo grosso!”

Este deve ter sido um dos melhores elogios que recebi nos últimos tempos! E, obviamente, um elogio tem tanto maior valor quanto o nível da pessoa que o emite. Ora, dado que estamos a falar de uma rapariga que, para além de muito porreira, é também toda boa, isto é um elogio do caral... quer dizer, um elogio bestial.

Quem é que está todo babado, quem é?...

terça-feira, junho 01, 2004

O PADRINHO

Hoje eu estou feliz! Evita, a minha melhor amiga, regressa de terras de Angola! E eu, claro, pouco depois das sete da manhã, já estou no Aeroporto Internacional de Lisboa, juntamente com a sua melhor amiga, Moli, para a receber. Ela chega linda, maravilhosa e carregadíssima. Como sempre.

Depois dos looongos abraços e muuuitos beijos da praxe (e da sua alegria expressa por regressar a terras lusas e reencontrar os bons velhos amigos de sempre), duas excelentes notícias. Primeira notícia: ela está de casamento marcado! Ah, feliz do Franciú, que vai desposar esta mulher maravilhosa! Mas ele bem merece, que o gajo sabe dar-lhe valor. Também, se não desse, bem podia contar comigo para lhe partir as rótulas.

Mas já estou a divagar. Continuemos. Segunda notícia: ela convida-me a mim para ser o seu padrinho! Como diriam Bill & Ted, “EXCELLENT!” Obviamente, exulto com a notícia! Não é todos os dias que se tem uma honra destas! Ah!, já me estou a imaginar, de fatinho e gravata, todo lindinho, e as damas-de-honor a segredar e a perguntar à noiva: “Mas quem é o teu padrinho, aquele bonzão tão bem parecido que comete a audácia de ofuscar o próprio noivo? Diz-nos, por favor!” E ela dirá: “Aquele é o meu melhor amigo, que, para além de bonitão, também é uma pessoa maravilhosa e um excelente partido!” (As boas amigas são assim: fazem publicidade à borla, porque gostam de nós!) E elas suspirarão, enternecidas com a visão. E, quando chegar a altura de valsar, e eu der corda aos meus pezinhos de dançarino, elas lutarão entre si para dançar comigo, e eu, enquanto elas se esguedelham umas às outras, aproveitarei para fugir com a madrinha da noiva, a Moli, que é uma excelente febra! Quanto ao namorado dela... que se amanhe! Que raio, este é o meu sonho; posso bem fazer tudo o que me apetece!

Ah, que pena ainda faltar um ano para o acontecimento! Mas não importa. Há-de chegar o dia. Entretanto, e até lá, tenho que me informar sobre os deveres do padrinho da noiva. Sim, porque isto não é só chegar, encantar, comer e valsar! O padrinho também tem de desembolsar! Ou pensam que estes sonhos de damas-de-honor à porrada pelo padrinho são à borla? Era bom...