terça-feira, fevereiro 21, 2006

PARABÉNS À “GOELA”!

Completam-se hoje dois anos de existência d’ “A Goela do Jacaré.” Aquilo que começou como uma experiência, uma brincadeira... continua a ser apenas uma experiência, uma brincadeira. Mas é uma brincadeira que, muito francamente, eu não esperava que tivesse a adesão que tem. E o facto é que, não obstante o Jacaré ter interrompido a sua publicação durante todo o ano de 2005, os seus fiéis leitores – e leitoras – não deixaram de visitar regularmente a morada tão bem decorada em busca de novas doses de reptilínea sabedoria e iluminação. Do mesmo modo, não foram poucos os adeptos – e as adeptas – a procurar-me directamente para me questionar sobre o motivo do Jacaré ter deixado de publicar, exortando-me insistentemente no sentido de regressar à escrita.

A todas essas pessoas, a todos os fiéis leitores e leitoras que se divertem com os meus textos e me elogiam a escrita, que dizem que “sempre serve para distrair quando não tenho nada para fazer lá no emprego” e me pedem sempre mais e que, no fundo, não deixam que “A Goela” pare, vão os meus agradecimentos. É uma honra saber que, entre o trabalho e a pornografia na Net, essas pessoas ainda reservam uns minutinhos do seu preenchido horário para dar uma espreitadela aos devaneios deste Jacaré. São esses tarad... quer dizer, essas pessoas que dão sentido a este blog e evitam que esta publicação se torne numa triste prática narcisista e masturbatória de um Jacaré com um ego inflaccionado. Em conclusão, se “A Goela” está de parabéns, também os seus leitores e leitoras, em grande justiça, o estão. Por isso, cantemos!

“Parabéns à ‘Goela’
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida

“Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas
Para a bela d’ ‘A Goelaaaaa’ (do Jacaré! Nhac-nhac!)
Uma salva de palmaaaaaaaaas!”

Obrigado, muito obrigado a todos! E agora que o caro leitor – ou leitora (torna-se cada vez mais pertinente fazer esta distinção, pois as minhas leitoras são cada vez mais e melhores) – já perdeu alguns bons minutos (que nunca mais vai recuperar!) a ler isto, aponte lá o rato para a Barra de Endereços e escreva o que lhe vou ditar: www.badassteens.com. E, pronto, volte lá para a sua rotina diária. Divirta-se!

domingo, fevereiro 12, 2006

NAÇÃO DE EMPATAS

Apanho o autocarro para o emprego. Estou atrasado. Pouco antes de me apear, um casal idoso entra no autocarro e, vagarosamente (que o corpo já não dá para mais), avança até ao fundo, onde encontra lugar sentado: ela – Empata n.º 1 – no banco atrás de mim, e ele – Empata n.º 2 – ao meu lado. Ao ver o homem sentar-se tão tremulamente, antevejo complicações de imediato, mas, estupidamente, permaneço sentado, ao invés de aproveitar o ensejo para abandonar o lugar antes que o cota me bloqueie o acesso à saída. Mal adivinho eu que, por esta altura, já estão as peças colocadas de tal modo no tabuleiro que me será impossível evitar o seu ataque combinado.

Na paragem seguinte, levanto-me para sair enquanto o cota espera que o corredor desimpeça, para me poder dar passagem. Atrás de mim, a sua velha esposa também se levanta, para deixar sair a matrona sentada ao seu lado, e, vendo lugares vazios mais à frente, dirige-se de imediato para eles, seguindo a matrona e acabando por ficar entalada no corredor com o cota, que entretanto se levantara. Quando a matrona atinge a porta de saída, todos aqueles que se queriam apear do autocarro naquela paragem já o fizeram. À excepção do Jacaré! Só após forçar o seu corpo no corredor estreito é que a taralhouca da velha repara que eu pretendo sair e, muito atarantada, volta para trás (!), entalando novamente o cota e, mais uma vez, entupindo a passagem. Quando finalmente me livro do par de araras tontas, soa o aviso de fecho de portas. Nesse momento, entra em cena o Empata n.º 3: um puto mitroso, de boné chunga na cabeça e uma argola dourada em cada orelha, acabado de entrar no autocarro e que, furando rapidamente até ao fundo do autocarro, me barra a passagem mesmo à boca do corredor. As portas do autocarro fecham-se. Peço licença ao puto mitra e, ao mesmo tempo, grito ao condutor para voltar a abrir a porta de trás. Não me ouve. Chego (por fim!) à porta. Volto a gritar ao condutor. Não me ouve. Logo a seguir, vejo a paisagem a deslizar ao lado do autocarro. Só nessa altura reparo no Empata n.º 4, a conversar animadamente com o condutor, e distraindo-o dos apelos do pobre rapaz que queria sair na paragem anterior. Porca miseria! Mas esta gente está toda conluiada ou quê?!

É ao fazer as minhas deslocações diárias de transportes públicos pela área de Lisboa que me apercebo bem da quantidade de empatas que atravancam o mundo. Gente totalmente inconsciente do espaço que ocupa no globo e sem qualquer consideração por quem se move à sua volta. Desde gajos que se passeiam pela rua em rotas e velocidades erráticas, que estacam subitamente e invertem a marcha sem sequer olhar quem vem atrás e que param à conversa mesmo no meio do caminho até malta que força gananciosamente a entrada no metro ou no comboio, impedindo quem está dentro de sair, ele há de tudo. Esta gente parece preferir os espaços de circulação mais apertados e apinhados e torna-se uma dor de cabeça quando se junta em grupo. Se os inconscientes e distraídos são uma praga irritante, o pior mesmo são os velhos, em especial aqueles que a Vida azedou (e as tias). Para além de problemas óbvios de locomoção devido à provecta idade, eles pisam, empurram, dão encontrões, furam filas e fazem-se de parvos ou vítimas quando chamados à razão (além do que, muitas vezes, também cheiram mal). Exigem os direitos que lhes são devidos e os que não são e agem como se toda a gente tivesse que pagar pela partida que o Tempo lhes pregou ao roubar-lhes a juventude. Essa raiva reprimida contra a Humanidade em geral, aliada ao imenso tempo livre que têm disponível torna-os um perigo a não menosprezar.

Creio mesmo ser esta espécie uma verdadeira ameaça nacional, não só directamente responsável por empatar o ritmo de desenvolvimento da nação, como também indirectamente responsável pelos elevados níveis de stress no país e consequente perturbação do nível de qualidade de vida e perda de produtividade que lhe está associada. Portanto, faço daqui um apelo ao Governo português para que tome medidas efectivas em relação a este problema. Mas... que digo eu? Os maiores empatas estão no Governo! Pois sim! E depois queixam-se que o país está de tanga...

sábado, fevereiro 11, 2006

DANÇA COMIGO

Estreia esta noite “Dança Comigo,” o novo programa da RTP1 para os serões de Sábado. Com apresentação da bela Catarina Furtado (mesmo grávida, a mulher é deliciosa, caramba!), o programa é, como o nome revela, dedicado à Dança. Eis como a coisa funciona: quatro Celebridades pés-de-chumbo (esta semana cabe ao futebolista Dani, à jornalista Dina Aguiar, à modelo Sofia Aparício e ao actor Vítor de Sousa dar corda aos sapatos) são convidadas a cada semana para aprender três estilos de dança distintos, com uns professores todos cromos e premiadíssimos. Depois, no programa ao vivo de Sábado à noite, as Celebridades, cada uma aparelhada com o professor ou professora que lhe deu aulas, competem duas a duas em duas danças diferentes (Sofia versus Vítor no Tango e no Cha-cha-cha; Dani versus Dina na Rumba e no Jive) e, finalmente, os vencedores dessa eliminatória competem juntos na semi-final (Sofia versus Dani no Disco). O apuramento dos dançarinos é feito por um painel de três jurados residentes (João Baião, Marco di Camilis e São José Lapa) e um convidado (esta semana, Ana Bola), à excepção da semi-final que é sujeita a votação do público. O vencedor da semi-final da sessão fica apurado para uma Grande Final a realizar posteriormente.

Dado o meu interesse pela Dança, confesso ter sido com uma certa ansiedade que me predispus a assistir a este programa, mas a verdade é que esperava ver competir dançarinos a sério, e não “celebridades” pernetas! É a primeira desilusão. Não tenho paciência para estes programas televisivos feitos para as figuras públicas. Quer dizer, os gajos produzem, realizam, apresentam e, não contentes com isso, ainda participam nos programas que fazem. Portanto, fica tudo em família – lançam os foguetes, correm a apanhar as canas e fazem a festa toda entre eles. E estúpido é o Zé Povinho, que paga p’a comer esta merda. Porque a mim enjoa-me ver esta gente bem a convidar-se mutuamente para os programas uns dos outros e depois passar o tempo todo numa troca constante de galhardetes entre eles: “Tu és maravilhosaaa!” “Ah, não, tu é que és maravilhosooo!” “Não, não, tu és muito mais maravilhosa que eeeeeu!” “Nem pensar, tu és tããããão maravilhoso!” “Não, és tu!” “Não, tu!” “Tu!” “Tu, tu!” “Tuuu!” “Ai, então somos todos maravilhosos!” “Aaaaai, isso é que é uma maravilhaaaaa!” É mas é um vómito! Blaaarhg!

Segunda desilusão: como todos os concursos televisivos portugueses, aquilo é paleio a mais e acção a menos. Bem espremidinho, o programa deve ter, se tanto, uns 20% dançados. E tão mal dançados, caramba! O que nos leva à terceira desilusão: a qualidade das coreografias é dolorosamente fraca! Porque, de facto, dói olhar para aquela pobreza! O coreógrafo responsável é um italiano com ar de rabeta chamado Marco di Camilis que, além dessa, acumula ainda a função de jurado (pergunto-me até que ponto não haverá aí um certo conflito ético...). Sei por experiência própria que as coreografias concebidas para exibição contam sempre com uma grande dose de encenação e até algum teatro, mas a verdade é que, se tirarmos isso, resta muito pouca dança a sério neste programa. Assim, dos 20% dançados, descemos para uns 5% de dança a sério. E se a isso juntarmos a falta de experiência dos participantes, temos... enfim, temos quase nada.

Conclusão: apesar de tudo, o mérito todo do programa cabe mesmo é às celebridades pés-de-chumbo. Porque, para quem não sabe dançar pevas, fazer um exibição televisiva a nível nacional e ao vivo com apenas 4 horas de ensaios durante três dias (o que perfaz apenas 4 horas de ensaio por dança) é obra! Para quem percebe minimamente do assunto, eles não fazem grandes dançarinos, é certo, mas aguentam-se à bronca. E isso é de aplaudir. Embora não justifique gastar mais do meu tempo (ainda por cima aos Sábados à noite!) a seguir o programa. No máximo, sou capaz de deitar um olhinho uma vez por outra, para ver dançar a Tânia e a Tatiana, as duas professoras de dança do programa. Ver bailar aqueles corpos bem torneados e coleantes, apertados nos seus vestidinhos diáfanos, faz-me recordar porque razão adoro o mundo da dança.