domingo, janeiro 13, 2008

A FILHA DA MÃE DE TODAS AS FESTAS

É quase meia-noite quando, depois de deixarmos o restaurante paquistanês onde decorreu o jantar de aniversário da Juna (e onde me parece que deitei abaixo uma garrafa de Borba tout seul), tomamos de assalto o meu aposento com vista para a Atalaia como um bando voraz de marabuntas endiabradas. A minha amiga, uma das pessoas que mais elogiou o meu nobre barraco aquando do arraial de Revelhão, babando-se perante o universo de possibilidades de rambóia desbragada que a casota promete, aproveitou de imediato a ocasião do seu aniversário para requisitar o espaço para a celebração de tão honrada efeméride, ao que eu acedi de pronto. O que mais quero é rambóia desbragada na minha casa nova (creio que estou a adaptar-me demasiado bem a esta bela vida de solteiro e bon vivant em pleno Bairro Alto...).

Contudo, a organização desta festa está longe da precisão de relojoeiro com que foi preparado o Revelhão, e não fosse ter sobrado uma quantidade imensa de bebidas dessa magnífica farra, que eu gentilmente cedi à aniversariante, e os seus comparsas não teriam nada com que lubrificar as goelas. Mas os marotos lá encontram entre as minhas prateleiras muito do que beber e ainda lhes sobra bastante para patinhar a pista de dança e pintalgar artisticamente as minhas entediantes paredes brancas. E não demora muito até a minha vizinha de baixo (que ainda não tinha tido o prazer de conhecer) me pedir de modo algo seco para controlar a selvajaria que grassa no meu pouso. Ofereço-lhe o meu sorriso mais prestimoso e prometo-lhe uma noite na paz dos anjos, mas a festa está em ebulição, a casa enche a olhos vistos, e eu não conheço metade da malta que atulha o casebre e contribui tão abnegadamente para a instabilidade psicológica de quem quer dormir.

Quando as kizombas começam a soar, eu encho-me de orgulho por verificar que são os meus amigos, os mesmos que ensinei na noite de Revelhão, a dominar a pista de dança, liderados por El Calamar, a esbanjar charme na pista de dança. Quem parece não gostar da cena é um dos amigos da Juna, o desagradável Sebastiudo, que dá mostras de uma certa acrimónia para comigo depois da minha dança com a sua meiga namorada Dany. Talvez o assunto me incomodasse, não fosse ter conhecimento que o rapazote passou a noite a distribuir apalpões às minhas amigas. E, pouco depois, quase me vejo obrigado a pregar umas chapadas na fuça deste Sebastiudo Apalpatão, na sequência de uma brincadeira cretina em que o sacripanta impediu a entrada no recinto ao meu amigo jOhn. Não fosse termos sido separados imediatamente após uma breve troca de empurrões carinhosos e eu teria certamente defenestrado o bandalho. Janela fora com ele!

Teria sido engraçado vê-lo despenhar-se lá em baixo no carro de Polícia entretanto estacionado à minha porta e convocado pela minha enervada vizinha. E enquanto eu recebo os agentes da autoridade, os meus alheados convivas dedicam-se a aquecer a pedra na varanda do apartamento, justamente por cima da carreta da bófia. São quatro da madrugada quando, depois disto, despacho os amigos da Juna à vassourada, enquanto a casa é invadida por grupos de raparigas atraídas da rua pela animação interior! E, colada a elas, uma horda excitada de mitragem do Prior Velho, dispostos a pagar (!) para usufruir de tão alegre serão. Mas antes que eu tenha tempo de ponderar essa pertinente questão, a Juna põe toda a gente na rua sob uma chuva de furiosos perdigotos. Livres de elementos indesejáveis, o resto da noite – e o princípio da manhã – é passado só com a malta fixe, na Zona Lounge, entre kizombas, bolo de aniversário, salame de chocolate e nozes e muita filosofia sobre sexo (e muita inacção por parte do jOhn – mas isso é outra história...).

Se o Revelhão foi “a Mãe de todas as festas,” esta foi, sem dúvida, “a Filha da Mãe de todas as festas.” E, enquanto espero pela “Filha Não Planeada da Jovem Mãe de 13 anos, Filha da Mãe de todas as festas,” só posso dar-me por afortunado, pelas boas energias de que a minha nova morada parece estar imbuída. É caso para dizer que “aqui vou ser feliz!

1 Comentário(s):

A terça-feira, 22 janeiro, 2008, Anonymous Anónimo comentou:

Sebastiudo? Não era Sebastiurso? Que confusa q a minha cabeça anda. O Defenestramento tinha sido uma lufada de ar fresco mas mm assim a festa continuou na MAIOR!!! Grande festa! Grande festa! G R A N D E F E S T A ! ! !

 

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