sábado, julho 15, 2006

UMA ARGOLADA DE MESTRE

Após a visita ao Salão Internacional Erótico de Lisboa, ponho-me de imediato a caminho de Carcavelos, onde a minha amiga Sandrine apresenta esta noite o sarau anual da sua escola de Danças de Salão. Conheço a Sandrine há alguns anos e, com o tempo, fui também conhecendo os seus alunos – em especial as alunas –, pelo que sou infalivelmente convocado para estes eventos. E eu gosto de honrar sempre estes convites com a minha presença. O sarau em si, mais coisa menos coisa, é o mesmo todos os anos – até já conheço de cor o discurso da Sandrine que, mais coisa menos coisa, é também o mesmo todos os anos (a velha história da excelência na dança se conquistar com muito sangue, suor e lágrimas, blá blá blá). Mas gosto de ver os progressos feitos pelos seus alunos de ano para ano e, acima de tudo, gosto do baile que normalmente se segue ao sarau. Porque as suas meninas primam todas pela beleza e sensualidade e porque são esplêndidas dançarinas. Bom... e também porque todas elas, sem excepção, adoram dançar comigo e se mostram sempre tão férteis em elogios à minha pessoa (o que, naturalmente, muito me agrada e contribui em larga medida para eu ter o ego gigantesco que tenho).

Um dos alunos da Sandrine com quem me dou melhor é o Mestre Maco. Conhecemo-nos no último Carnaval e, assim que começámos a falar de gajas, entendemo-nos de imediato. O Mestre Maco é um tipo porreiro, calmo, bem educado. Segundo aquilo que, um dia, me confidenciou, parece haver entre ele e a JLo (também aluna da Sandrine) uma certa tensão. Tensão que ele não compreende totalmente, visto que a rapariga tão depressa o espicaça com facécias picantes como, logo a seguir, lhe dá para trás se ele lhe responde à letra. Do meu ponto de vista, quer-me parecer que ao rapaz não desagradaria saltar à tanga da menina (tanga essa que lhe assenta com muita graça, diga-se de passagem). Contudo, pelo que conheço da JLo, acredito que ela se considere num campeonato superior ao do meu amigo. Tem apenas 20 anos, mas já é uma predadora, uma provocadora inata, e está habituada a possuir o que deseja. Sabe que não precisa de se esforçar para ter um rol de pretendentes à perna e, portanto, dá-se ao luxo de escolher o que quer comer. Ela até pode achar piada em flirtar com o Mestre Maco (como com tantos outros gajos), mas pobre dele se quiser algo mais. Conhecendo o paladar dela, não creio que ele satisfaça as suas exigências pessoais.

É, portanto, com um certo agrado que, no baile desta noite, vejo o meu bom amigo acompanhado de uma bela desconhecida. Faz-lhe bem consignar as suas atenções a outros alvos que não a JLo, pois esse é um caso perdido (para ele). E, de facto, o rapaz parece muito dedicado a esta nova menina, dado que não a larga durante toda a noite. Percebo porquê: ela é um piteuzinho – baixinha, de formas voluptuosas, cabelo dourado, aspecto cândido e muito bonita. No geral (e tendo em conta o meu paladar), bem mais encantadora que a JLo, atrevo-me mesmo a afirmar.

No final da noite, agarro o Mestre Maco e puxo-o de lado: “Então conta lá, ela é a tua nova namorada?” Ele parece perdido: “O quê? Quem?...” “Ela!” e, mui disfarçadamente, faço sinal com a cabeça. Ele olha ostensivamente para ela. Depois olha para mim, muito sério. “Ela é a minha irmã.” Pé na argola, mas tento recompor-me: “Epá, essa era a minha suposição seguinte. É bonita a tua irmã, parabéns!” Sempre sério, ele continua: “Ela tem 15 anos.” Eu gelo. Agora é que meti água a sério! Enquanto gaguejo, ele apresenta-nos. Opto por abrir o jogo – quando apanhado em falso, a melhor saída é sempre a sinceridade. E, de facto, ela oferece-me um belo sorriso argênteo e mostra-se divertida (e nada melindrada) com a minha gaffe. Deve ter-lhe causado boa impressão o meu brio na pista de dança e ela foi com a minha cara. Feitas as contas, até me safei bem.

E, uma vez que ela não namora com o meu amigo (incesto?!), da próxima vez convido-a a dançar a tarrachinha e, nhac!, ferro-lhe o dente. Ela é novinha, sim, mas dá-lhe mais dois ou três anos... Bom, vá lá, ano e meio. Okay, nove meses. Três semanas, pronto. Enfim, um dia. Amanhã já está bem boa para trincar (é assim a Vida, Mestre Maco. Elas crescem tão depressa, não é?...).

II SALÃO INTERNACIONAL ERÓTICO DE LISBOA

Visito o Salão Internacional Erótico de Lisboa (em exibição no Pavilhão 1 da FIL até amanhã). Mas venho contrariado. Não fosse a insistência do Barrelas e não teria metido cá os pés este ano. No ano passado também cá estive, movido pelo sexo e pela novidade. Afinal, era a primeira vez que o Salão Erótico visitava terras lusas! Mas, este ano, perdida a novidade, resta-me apenas o sexo. E sexo pelo sexo não me move. Sou preguiçoso. Se não tiver um móbil emocional, o sexo só pelo sexo cansa-me. Aborrece-me. Porém, sabendo que, se eu me cortasse, o mais provável era o Barrelas deixar de ir – “Mas vou lá fazer o quê sozinho?! Aquilo é fixe é se formos em grupo, p’rá galhofa!” –, lá decidi aceder. Só para lhe dar essa alegria. (Às vezes, sou mesmo coração mole.) No entanto, em jeito de protesto, cheguei atrasado. Duas horas. Prolonguei (propositadamente) um café com a bela Matie muito para lá do tolerável e deixei o pobre Barrelas à seca todo esse tempo. Não me orgulho do que fiz. Mas fi-lo. (Às vezes, sou mesmo sacana.) Todavia, ele recebe a minha justificação com o sorriso mais cândido do mundo: “‘Tá na boa; foi por uma boa causa.” Eu suspiro – é por estas e por outras que eu não podia dar o corte a este gajo. Ele é bom tipo. Não merece.

Mas vamos ao que interessa. Ao entrar no pavilhão, não consigo evitar sentir que fui defraudado. De facto, à primeira vista, o célebre Salão Erótico não causa grande impressão. Não passa de um conjunto disperso de stands que mal ocupa metade do enorme pavilhão (e este ano parece ainda mais pobre que o ano passado). Quem conhece a Feira Internacional de Artesanato, por exemplo, capaz de atestar vários pavilhões até se tornar impossível um gajo mexer-se lá dentro nas alturas de maior afluência, não pode deixar de se perguntar se o sexo realmente vende assim tanto quanto se afirma. Porque o Salão Erótico resume-se à presença de uma ou outra produtora e/ou distribuidora de filmes porno, um ou outro strip club, sex shops em barda (isto, sim, parece vender muito) e, finalmente, toda uma panóplia de outros serviços que gravitam à volta deste universo, como a associação Abraço, a Liga Portuguesa Contra a SIDA, um tatuador, um massagista e ainda as Publicações Europa-América (onde se pode adquirir – com desconto de feira – literatura especializada, com destaque para o recentemente publicado livro da pornstar Jenna Jameson!). Em suma, o Salão Erótico limita-se a oferecer o clássico: espectáculos de strip e table dance, sexo ao vivo, luta na lama (que de lama só tem o nome), exibições alternativas (de sexo gay man-on-man, sado-maso, essas coisas), audições para actores (nem queiram saber as vergonhas que certos gajos estão dispostos a passar em público), sessões de autógrafos com as estrelas e pouco mais. Quem cá vem para isto, não vem enganado. Mas quem, como eu, vem à espera de encontrar algo de inovador e inesperado, imaginativo e minimamente interessante, volta frustrado. Como é possível, pergunto eu, que um campo tão rico e cheio de potencialidades como o Sexo seja tão pobremente explorado? Estou a ver que ainda vou ter que ser eu a inovar...

A festa propriamente dita, quem a faz são as strippers e as pornstars. É mesmo só por elas que um gajo vai ao Salão. Para as ver lascivas e nuas, meneando provocadoramente as curvas em cima de um par de botas de salto pontiagudo bem alto, a trepar pelo varão acima (o varão de strip, meus amigos! Embora também haja disso, para quem não se importe de baixar as calcinhas em público), ou a lamberem-se umas às outras e a enfiar grandes dildos coloridos. É verdade que um gajo tem de lutar contra um mar de pervertidos rebarbados de máquina fotográfica em punho para, tal como eles (embora motivado por um sentimento puramente estético, bem entendido), conseguir imortalizar determinada peça coreográfica de elevado nível técnico na memória do cartão SD de 1 Gigabyte comprado de propósito para o evento (boa, Barrelas!); e é verdade que, com apenas uma fracção desse esforço, um gajo obtém fotos eróticas de muito maior qualidade na Internet; mas também é verdade que é qualquer coisa de electrizante estar na presença de verdadeiras profissionais na arte do Sexo & Sensualidade, vê-las actuar ao vivo e poder fazer-se fotografar abraçado a elas – a propósito, ainda guardo com devoção a foto que tirei com a sensual Gabi (strip clubs Passerelle e Photus) no ano passado. Caramba, que mulher tão bela (quanto badalhoca)!


Não consigo evitar pensar naquela gentalha mesquinha (e, certamente, invejosa) que afirma com raiva ser o circuito pornográfico degradante para o género feminino. Degradante! Pois nunca na minha vida vi o género feminino ser tão adorado, idolatrado, desejado e venerado como no Salão Erótico! Basta olhar a chusma de seguidores babosos e de olhos vidrados, ansiosos por satisfazer os mais absurdos caprichos de qualquer uma daquelas virtuosas senhoras por uma réstia da sua atenção. É isto o aviltamento do género?... Talvez o problema resida nas causas que as tornam adoradas. Mas haverá lá causa mais nobre do que ser fonte de prazer para o próximo? Muitos homens – se não todos – bem podem agradecer por aliviar a tomatada à conta do trabalho de tão abnegadas (e esforçadas) raparigas. É muito gajo feliz e isso é de aplaudir.

Eu admiro muito estas nobres mulheres. Contudo, não gasto (muito) tempo a admirar os seus corpos (guardo isso para quando quiser bater punhetas em casa). Mais que habituada a hipnotizar a assistência até ao embrutecimento com a nua opulência do seu corpo coleante está qualquer stripper ou pornstar. É o seu trabalho. Por isso, quando uma destas meninas se desnuda à minha frente, eu fixo os seus olhos. E garanto-lhe, caro leitor, que isso me faz distinguir do resto da carneirada embasbacada. Por muito inatingíveis que aparentem ser estas Deusas do Sexo, lá no íntimo, são sempre e apenas mulheres (com tudo aquilo que o género tem de bom e de mau), e mesmo a stripper ou a pornstar gosta de se sentir desejada por algo mais que a sua carne. Se os homens se deixam seduzir pelo físico, as mulheres deixam-se seduzir pelo sentimento. E os olhos são as janelas para o sentimento. No fundo, é como diziam, e bem, os Clawfinger: “If you want my body, than just make love to my mind.

Ao abandonar a FIL, sei que o melhor do Salão Erótico é isto: a constatação – e confirmação – de que girls will always be girls. Isso e as centenas de fotos que levo para casa.

sábado, julho 08, 2006

ALL ABOUT MATIE

Estou no Ateneu Comercial de Lisboa, a participar no Dia Tropical. Durante toda a tarde decorrem diversos workshops de dança, desde a Salsa ao Forró, passando pelas Danças Africanas, e eu cá estou, a abrir o apetite para o Andanças 2006, já a apenas 23 dias de distância (ah, que ansiedade!). Contudo, este Dia Tropical está a ter pouca adesão – apesar de, felizmente, haver mais gajas que gajos – e, assim, o evento acaba por adquirir um tom mais familiar. O meu amigo Doctor FX também respondeu à chamada e trouxe consigo a sua amiga Luluzinha. Eu convidei a Matie, que está interessada em conhecer o mundo da Dança. E eu em dar-lho a conhecer.

Durante o workshop de Funaná, ministrado pelo Cazuza, o Doctor FX aproveita para me agradecer por ter levado a Matie, dando-me um vigoroso aperto de mão: “Ela é uma rapariga mesmo muito interessante!” Eu sorrio. Confesso que já esperava uma reacção destas da sua parte. Há cerca de dois meses, por ocasião do seu (muito bem frequentado) jantar de aniversário, eu congratulei-o a ele pela sua cada vez mais invejável selecção de amigas, pelo que ele se mostrou muito lisonjeado. Ora, eu sabia que o gajo havia de querer retribuir o cumprimento – e ele sabia bem que oportunidades não lhe iam faltar para o fazer. O que certamente não esperava é que eu lhe desse uma razão tão forte. E o gajo logo se aviou, puxando-a para dançar sempre que eu a largava, prodigalizando elogios, e sacando-lhe os contactos, na perspectiva de combinar programas futuros.

Faz hoje precisamente três meses que eu conheci a Matie, no jantar de aniversário do meu amigo jOhn. Ela apareceu na companhia do primo do jOhn, o namorado (que, entretanto, já ardeu), e a beleza exuberante da sua juba leonina e dos seus serenos olhos verdes imediatamente atraiu a atenção de todos os gajos presentes. Curiosamente, foi comigo que ela passou grande parte dessa noite (se não toda) à conversa – apesar de eu não merecer qualquer mérito pelo sucedido. Beneficiei apenas da inesperada coincidência da doce menina gostar de desenhar e partilhar comigo a paixão pela Ilustração e pela Banda Desenhada. Algo que, convenhamos, é altamente incomum no género feminino. Com o decorrer dessa conversa, descobrimos outras coincidências ainda mais espantosas, como o facto de sermos praticamente vizinhos e termos frequentado a mesma escola secundária, separados por apenas um ano de idade. Como é natural, logo trocámos contactos e, desde então, temos mantido uma relação de crescente proximidade.

Se o meu grande amigo Doctor FX tivesse tido a preocupação de se informar minimamente sobre isto (e bastava ter-me perguntado), provavelmente teria pensado duas vezes antes de se atirar à miúda à campeão. Don’t get me wrong, não é que me sinta ameaçado por ele. Não sinto. Na verdade, dá-me até um certo orgulho vê-lo actualmente tão desenrascado com as mulheres e saber que eu o influenciei nesse campo. E tão-pouco me sinto traído. De facto, o homem age tão abertamente que mui dificilmente poderia entrever aqui uma tentativa para me prejudicar ou passar a perna. Não, não o acho sacana. Mas acho-o, isso sim, burro. Por ter fechado os olhos à óbvia constatação que eu estou no lance há mais tempo e que, dadas as circunstâncias, o gajo não tem grandes hipóteses. E é duplamente burro, porque devia ter aprendido essa lição à primeira.

O que vale é que somos amigos e eu sei que esta é – e sempre foi – a sua maneira de ser. Eu poderia até explicar-lhe que a Matie está na minha onda e poupar-lhe alguns dissabores futuros. Mas não me apetece. Não sou assim tão compreensivo. E ele precisa de mais umas cabeçadas para aprender. De vez. Além disso, quem sou eu para dizer que o pobre rapaz não tem hipóteses? “Enquanto há vida, há esperança,” certo? Por isso, bring it on! And may the best man win.

domingo, julho 02, 2006

MEU PAR FAVORITO

Estou em Coimbra, de visita à minha querida prima Douradinha. Vamos à discoteca Via Latina e já passa das duas da manhã quando nos encontramos com a Ruiva (que já não é ruiva), vinda de propósito da Figueira da Foz, onde dá aulas de dança, para se juntar a nós na noitada. À entrada, o porteiro mira atentamente a Ruiva, vestida num estilo Hip-Hop Primavera/Verão 2006. “Hoje é noite africana,” avisa ele. Que é para não haver confusões. Ela sabe. Mas o gajo não parece muito convencido disso e olha para nós com ar de quem tem a certeza que estes três copinhos de leite vão enganados. Porém, ele já cumpriu mais que o seu dever, portanto, manda de lá os cartões de consumo e deixa-nos passar. No interior, a noite parece ainda não ter começado e apenas dois ou três pares se esfregam aqui e ali na pista de dança. Mas eu tenho duas meninas à minha conta e não posso deixar os meus créditos por mãos alheias. Portanto, deito mãos ao trabalho e danço alternadamente com ambas. No entanto, em breve recebo auxílio para esta tarefa. A concorrência numa discoteca africana é feroz e os pretos não têm qualquer pudor em catar as miúdas todas para dançar (até a sua, leitor!) antes que um tipo tenha tempo de perguntar se “a menina dança?”

Aprendi bem essa lição da primeira vez que estive numa discoteca africana (na memorável noite de 11 de Outubro de 2003). Fui ao En’ Clave, a convite da minha amiga Sarita e um grupo de amigos (e amigas) dela. Na altura, eu mal sabia dançar kizomba, não conhecia aquela gente e, para cúmulo, não tinha os dentes de Jacaré afiados como tenho hoje. Assim, passei metade da noite abancado. Era ver os pretos a sacar as miúdas todas mesmo nas minhas barbas. E, entretanto, eu criava raízes. Contudo, em vez de desanimar, aproveitei o ensejo para observar a concorrência a dançar. E aprender. Em pouco tempo, estava já a sacar as miúdas aos pretos e a dançar kizomba como eles! A Sarita e a sua irmã Susanita ficaram pasmadas com a incrível evolução da minha kizomba em apenas uma noite. E, para ser sincero, também eu fiquei. Isto só prova que um gajo nunca deve desanimar em situações desfavoráveis. Porque até as situações mais negras têm vantagens. Um homem inteligente só tem que as encontrar e tirar delas o máximo partido.

No presente caso, contudo, a concorrência é bem-vinda. Impossibilitado de dançar com a Ruiva e a Douradinha ao mesmo tempo (ou de me dividir em dois), até prefiro que, enquanto estou ocupado com uma das meninas, a outra dance com outros gajos, para não apanhar seca. Não obstante, a Douradinha não parece muito interessada em fazê-lo. “Há ali um gajo que só anda à roda, sempre para o mesmo lado,” diz ela, exasperada. “Estes tipos só querem é roça-roça, quase não se mexem do mesmo sítio.” Eu protesto: “Eu também roço-roço!” “Mas tu danças pelo salão todo, é muito mais divertido,” replica ela. A Ruiva concorda: “O modo de dançar deles faz-me lembrar as nossas kizombas no Andanças, mas aquelas do último dia, às tantas da madrugada, quando já mal nos aguentamos de pé, por causa do cansaço da semana toda, e queremos à viva força dançar só mais uma, mas estamos praticamente a dançar a dormir em pé!” “Ah, as nossas kizombas au ralenti!,” rio-me eu. E ela continua: “Por isso é que o centro da pista, onde tu danças,” e aponta para mim, “fica sempre vazio quando sais da pista – eles não o preenchem.” “Ah, mas isso é por respeitinho ao Jacaré,” contesto eu. “Em terra de jacarés, o Jacaré Voador é Rei.”

Não é que tenha a presunção de ser o melhor dançarino do mundo. Sei que sou bom dançarino (e tenho obrigação disso, pois já o faço há mais de 8 anos), mas sei também que mais importante que a técnica ou o roça-roça é o sentimento que se põe na dança. Quando danço, faço por oferecer um bom momento à mulher com quem estou. Quero, acima de tudo, que ela se divirta. E faço questão que saiba que, nesse momento, toda a minha atenção é dela. É daqui, sem dúvida, que advém o meu sucesso na pista de dança (e não só). Que depois me faz merecer elogios como este outro da bela Ruiva: “É mágico dançar contigo! Por isso é que és o meu par favorito!” E ela lá deve saber do que fala, já que é professora de dança. E, acima de tudo, é mulher. Ah, pois é.