sábado, junho 12, 2004

A PORTUGUESA

Portugal vestiu-se de verde, vermelho e amarelo para o Euro 2004. Basta sair à rua e deixar vaguear livremente os olhos. As fachadas dos edifícios, as montras, as janelas, as varandas, os automóveis, as próprias pessoas – tudo e todos estão enfeitados com as cores nacionais. Por todo o lado, a nossa bela bandeira vermelha e verde esvoaça orgulhosamente ao vento.

É bonito ver todos os portugueses unidos no apoio e no amor a esta causa de orgulho nacional que é a nossa selecção de futebol. Nada no nosso país exalta o fervor nacionalista que existe dentro de cada um de nós como a causa futebolística. Infelizmente, a par deste orgulho nacional, bem patente nestas demonstrações exibicionistas, também a burrice nacional se apresenta bem visível. De tal maneira que acaba por ser normal encontrar por esse país afora a nossa infeliz bandeira pendurada do avesso (com o campo verde para a direita) e até mesmo invertida! Mas quem diabos se lembra de virar o escudo e os castelos de pernas para o ar?!... Não pode ser distracção, é burrice pura! Portanto, para evitar mais desrespeitos à nossa querida bandeira, decidi publicar algumas informações e factos a ela relativos. Aqui vai:

Dimensão: A largura da bandeira corresponde a três vezes metade da altura.
Campo verde: Ocupa dois quintos da largura da bandeira e representa a Esperança e o mar. É esta a ponta que fica agarrada ao pau (salvo seja). Ou à esquerda, quando não há pau onde se pendurar a bandeira.
Campo vermelho: Ocupa os restantes três quintos da largura da bandeira e representa a coragem e o sangue dos portugueses derramado em combate. Esta ponta flutua ao vento.
Esfera Armilar: Antigo emblema pessoal de D. Manuel, representa os Descobrimentos Portugueses dos séculos XV e XVI (não é triste que, ainda hoje, o nosso maior motivo de orgulho nacional seja algo que aconteceu há quinhentos anos atrás?...). O seu diâmetro é igual a metade da altura da bandeira.
Sete Castelos sobre bordadura vermelha: A borda vermelha castelada a ouro constitui um símbolo heráldico de Castela, entrando na heráldica portuguesa pelo casamento de D. Afonso II (pai de D. Afonso III) com D. Urraca, de Castela. De acordo com as práticas heráldicas da época, e não sendo D. Afonso III o filho primogénito de seu pai, não deveria usar as armas paternas. Assim sendo, a bordadura dos castelos diferenciava-o de D. Sancho II, seu irmão mais velho, de quem veio a tomar o trono por deposição papal. E esqueçam as balelas sobre simbolizarem os castelos as cidades fortificadas que D. Afonso III conquistou aos Mouros no Algarve – não foram sete, foram muitos mais e o seu número na bandeira variou bastante ao longo do tempo (e sempre em número superior a sete)! Só no final do século XV, com D. João II, é o seu número definido.
Cinco Quinas: Representam as cinco chagas de Cristo, que, segundo reza a lenda, surgiu numa visão com os seus cinco ferimentos a D. Afonso Henriques antes da Batalha de Ourique, prometendo-lhe protecção para o Reino e a fundação de um Império. Há quem defenda que representam os cinco reis mouros que D. Afonso Henriques derrotou na supracitada batalha. E há também quem defenda que isso é mentira, pois não há nenhuma comprovação histórica irrefutável que autorize esta tese (e, realmente, cinco reis mouros abatidos de uma só cajadada parece-me um bocado forçado!).
Bezantes ou Dinheiros (pontos das quinas): Representam os trinta dinheiros em prata que Judas Escariote recebeu pela traição de Cristo (povinho religioso, hã?). Para aqueles que estão a fazer as contas, saibam que se devem somar os bezantes das quinas no sentido vertical e no horizontal, contando os da quina central duas vezes, o que perfaz trinta.

E pronto. Agora, aproveitem para impressionar as miúdas com tudo o que aqui aprenderam (elas curtem gajos inteligentes!). Só não publico também o Hino Nacional porque me recuso a acreditar que haja para aí quem o não saiba de cor! Agora não me deixem ficar mal, pessoal!

0 Comentário(s):

Enviar um comentário

<< A Goela