domingo, junho 20, 2004

O ESTADO DA NAÇÃO

No jogo decisivo de qualificação para os quartos de final do Euro 2004, Portugal defronta a Espanha, no desafio que é apelidado de grande combate ibérico. Na boa tradição iniciada por el-rei D. Afonso Henriques, a selecção das quinas limpa o sebo à espanholada e envia essa gente mais cedo para casa. Que é para aprenderem.

Aplaudo. Apesar de não ligar a futebol, sempre é a nossa selecção, que diabo! Para cúmulo, a derrotar os espanhóis! Pode lá haver coisa melhor!

Contudo, há algo que, por mais tentativas que faça, falho sempre por compreender. Tento imaginar, passo a passo, a sucessão de acontecimentos que levam o caso a produzir-se, mas isso só produz o efeito de me fazer parecer todo o processo ainda mais absurdo. Sigam o meu raciocínio... Um qualquer portuga (lisboeta, por exemplo) está muito bem em casa, a ver um importante desafio de futebol da sua selecção, que vence. Exultante de felicidade, o nosso amigo, compreensivelmente, decide sair para comemorar a vitória da sua equipa. Contudo, ao invés de ir beber um copázio com os seus compinchas à saúde da selecção, o que me parece ser a consequência mais natural, o gajo decide encafuar uma data de pessoal no carro, excedendo aquilo que a sua lotação permite e violando todas as regras de segurança para os passageiros, e guiar à toa por toda a Lisboa, buzinando alegremente pela noite fora, enquanto os amigos, empoleirados das janelas do carro, agitam cachecóis e bandeiras portuguesas cantando “Portugal olé, Portugal olé.”

Não contentes com isto, têm a brilhante ideia de se dirigir para a rotunda do Marquês de Pombal, entupindo completamente o trânsito com outros gajos que se lembraram de fazer o mesmo (!), para, finalmente, se juntarem todos aos pés da estátua, cantando o hino nacional até o Sol raiar e agitando as bandeiras e cachecóis à frente das câmaras de televisão presentes no local.

Quer dizer... ou é a mim que me falha alguma coisa, ou isto é a maior manifestação de estupidez à escala nacional que já me foi dado presenciar! É nestas alturas que acredito que sou estranho a este mundo...

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