sexta-feira, abril 14, 2006

CAMPEÃO CABRÃO

Sete Palmos de Terra” (“Six Feet Under,” no original), a galardoada série para televisão – vencedora de Globos de Ouro® e Emmys® às pazadas – que relata o dia-a-dia da família Fisher, que dirige uma funerária, é da autoria de Alan Ball, responsável pelo argumento do fabuloso “American Beauty,” de Sam Mendes (pelo qual também recebeu um Oscar®). Actualmente, a nossa 2: exibe pela segunda vez a quarta fornada de episódios, o que, muito provavelmente, significa que se prepara (finalmente!) para passar a quinta – e última – série desta telenovela.

Tornei-me espectador assíduo de “Sete Palmos de Terra” a partir da terceira temporada, episódio 29, quando, absolutamente por acaso, apanhei a estreia da personagem Olivier Castro-Staal (protagonizada por Peter Macdissi), o novo professor de arte da ruiva Claire. Autoritário, arrogante e opinativo, o artista Olivier Castro-Staal é um tipo detestável que fala alto e manda bocas lindas como “a dor é boa para um artista,” ou “um artista nunca questiona o seu direito a experimentar tudo o que o mundo tem para oferecer” ou ainda, a melhor de todas, “[uma obra de arte] é boa quando imediatamente me faz querer vomitar.”

Apesar de execrável, o homem assume-se como um excelente professor de arte, provocando e forçando os seus alunos a ir além dos seus limites como artistas. E é exactamente essa aparente contradição que torna a personagem interessante. No fundo, o gajo é como o Mourinho: um cabrão arrogante que se pode dar ao luxo de o ser e a quem ninguém se atreve a apontar o dedo porque, acima de tudo, o tipo é um excelente profissinal. E vence, calando assim a boca a todos os seus detractores. Gotta love that! Pode-se detestar o homem até à náusea, mas há que se lhe reconhecer o valor.

Infelizmente, com o decorrer dos episódios, e ao contrário do Mourinho, o intratável Olivier Castro-Staal acaba por se revelar nada mais que um frustrado amargurado que nunca conseguiu validar as expectativas criadas enquanto jovem artista – uma única obra reconhecida e, depois, o declínio. Por isso, vinga-se nos alunos, fazendo-lhes a vida negra. Tal como ele diz à Claire: “Foste minha aluna e assistente. Agora és concorrência.”

Os argumentistas da série lá entenderam acabar com o protagonismo insolente de uma das mais interessantes personagens (e uma das minhas favoritas) com este desfecho tão... convencional. Consequentemente, nesta quarta série, o papel do arrogante Castro-Staal não passa de uma prestação altamente secundária: o de mero fornicador da cabra velha, psicótica e vingativa que é a Margaret (Joanna Cassidy), mãe da Brenda (Rachel Griffiths). Que digo eu, “secundária”? Terciária, quaternária! E é pena. É triste ver uma personagem que já foi tão grande reduzida a tão pouco. Resta-me esperar que o Mourinho continue a vencer no futebol. Por isso, aqui fica o meu apoio: Mourinho, amigo, o Jacaré está contigo!

GRINDING THE CORN

Assisto a “Sete Palmos de Terra,” uma das séries para televisão que mais aprecio actualmente e das raras que sigo com alguma regularidade. No episódio desta noite (n.º 48 da quarta série), justamente intitulado “Grinding the Corn,” a jovem Claire (Lauren Ambrose), membro mais novo da família Fisher (à excepção da plácida bebé Maya, que não conta, porque a sua contribuição para a acção se limita a um ou outro arrulho e alguns sorrisos inocentes), vê a sua reputação sexual abalada quando a sua despeitada ex-namorada Edie (a deliciosa Mena Suvari, repescada do magnífico “American Beauty,” de Sam Mendes) divulga entre os colegas da universidade que a pobre Claire nunca atingiu um orgasmo na vida. De imediato surge o seu colega e amigo Jimmy (Peter Facinelli), que se voluntaria para proporcionar o tão almejado (mas fugidio) orgasmo à pequena Claire, revelando que “ouviu falar de uma nova técnica que gostaria de pôr em prática.”

Curiosamente, uns meros cinco episódios antes, este mesmo Jimmy já tentara levar a dita menina às estrelas... falhando olimpicamente. A coisa murchou (literalmente) assim que o par se enfiou debaixo dos lencóis e ele perguntou à rapariga o que queria que ele fizesse. Ela, inibida, não foi capaz de dar uma resposta e o nosso campeão... encalhou. A justificação do desajeitado rapaz: “Se não me disseres o que queres que eu faça, como esperas que te satisfaça?...” Ela encolheu os ombros e o grande pascácio, à falta de um pouco de imaginação e iniciativa, deixou-se ficar. Fade out. (Comentário do Jacaré: “Faz-te homem, seu prepúcio frouxo! É preciso desenhar-te um mapa para dares com o El Dorado, ou quê?! Gajos como tu não são dignos nem dos calos da própria mão! Se é que os tens!! Aposto que bates punheta de luvas, ó caraças!!!” Fim de citação.)

Porém, regressado e subitamente transformado num inopinado guru do sexo, o jovem Jimmy monta a menina no seu foguetão de bolso e leva-a a ver as estrelas. Findo o acto, a grande revelação: “Esta técnica chama-se ‘moer o milho’ [grinding the corn, no original]. Sabes quando se usa um pilão e um almofariz para moer o milho? Bom, então imagina que, em vez de se friccionar a cabeça do pilão de encontro ao fundo do almofariz, se fricciona o cabo de encontro às paredes.”

Cai-me o queixo. Esta é que é a nova técnica?! Porra, não admira que a pobre Claire andasse a jejum de orgasmos! Estes américas dão um nome da tanga a uma coisa tão básica quanto uma estimulação clitoriana e pensam que descobriram a pólvora?! Que cambada de incompetentes! Aprendem uma técnica, uma fórmula, um mero procedimento mecânico, e já se julgam os gurus da cena! E, no fundo, não percebem como nem porquê que as coisas funcionam como funcionam. Corja de ineptos sem o mínimo préstimo e completamente falhos de engenho e arte!

Quanto a mim, parece-me óbvio que, pressionando o fuste do pilão (ou pilinha, isso agora depende de cada qual) contra as paredes do almofariz, ou seja, a zona anterior da vagina, se consegue uma estimulação directa do clítoris (assumindo que todos sabem o que é e onde o encontrar, claro), daí advindo maior prazer para a mulher. Além disso, a fricção do mangalho nessa zona proporciona também uma maior estimulação da área mais sensível da vagina da mulher, localizada bem perto da entrada, logo atrás do meato urinário. Outra técnica utilizada para a estimulação vaginal (já que o pessoal gosta tanto de fórmulas) é enfiar apenas a cabeça do bastão na vagina e retirá-la de seguida, repetindo-se o procedimento as vezes que se quiser. Esta técnica tem a vantagem de proporcionar também um enorme prazer para o homem, já que estimula directamente a glande (não recomendado para aqueles que têm dificuldade em controlar a ejaculação).

Agora, antes de irem a correr pôr em prática estes ensinamentos, lembrem-se que técnica sem sentimento não passa de acto maquinal desprovido de essência e significado. E, para a próxima vez, ao invés de olharem só para os bonequitos do “Kama Sutra,” experimentem lê-lo.