segunda-feira, maio 31, 2004

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Por todo o lado neste mundo, questões estão a ser formuladas, perguntas estão a ser feitas. E, por seu turno, respostas estão a ser enunciadas. Infelizmente, grande parte destas respostas estão erradas, ou são falsas e insinceras. Quando não fogem, pura e simplesmente, à pergunta.

Eu gosto de acreditar que, no meio de tantas perguntas e tão variadas respostas, há algumas que se correspondem, apesar de separadas quiçá por milhares de quilómetros. “Porque é que o céu é azul?” pergunto eu. E, do outro lado do mundo, coincidentemente mas sem o saber, alguém responde à minha pergunta, no decorrer de uma conversa sobre astronomia.

Certamente, todas as perguntas terão a sua resposta. E, eventualmente, dado o tempo da eternidade, todas as perguntas encontrarão a sua resposta. Podem é não se reconhecer.

domingo, maio 30, 2004

A DÚVIDA CEGA

Janto com um dos meus melhores amigos. Após algumas estocadas em assuntos de teor profissional e académico, a conversa acaba por atingir o campo amoroso. Ou seja, gajas, bem entendido. Relata-me o meu caríssimo amigo as suas mais recentes interacções com dois (dos mais) excelentes espécimens do sexo oposto. Segundo ele, ambas as ilustres meninas (que tenho a elevada honra de conhecer) se mostram actualmente muito interessadas em partilhar a sua companhia. Contudo, apesar dele perceber que ambas o têm na maior consideração e estima, duvida das suas intenções e nelas apenas consegue discernir amizade. Nada mais.

Eu travo-o: “Abre os olhos, pá! Estás com o jogo todo! Tens aí um belo poker de Damas e nem te apercebes!” E provo-lho: “A morenita, por exemplo: conheço-a há tempo suficiente para saber que ela me adora e me tem o maior carinho – mas não é a mim que ela liga a convidar para almoços e café... É a ti! Okay, ela tem namorado, e depois? Alguma vez fala dele na tua presença? Nunca! É porque não está apaixonada. Sabendo como ela é, o seu namoro deve ser daqueles racionais: foi a cabeça que decidiu, e não o sentimento. Quanto à outra, só te digo isto: uma rapariga que, dois dias depois de ter estado comigo, me vem dizer que já está cheia de saudades minhas, deixa-me logo em alerta. É de investigar.” Ao ver o caso através dos meus olhos, o meu amigo exulta. Quando nos separamos, ele vai ufano e feliz. Sente-se o dono do mundo; sente-se desejado.

E tem razões para estar feliz. Mas precisou de mim para lhe abrir os olhos. Esta incapacidade que todo o indivíduo tem para analisar correctamente as próprias questões amorosas é interessante. Especialmente se tivermos em conta como, por outro lado, se mostra sempre tão certeiro e célere a emitir opiniões sobre os assuntos amorosos alheios. A questão fulcral é: se temos olhos para ver os problemas amorosos dos outros, porque razão somos cegos para os nossos?

Há quem acredite que o problema se resume a uma questão de distanciamento do observador: a cinco centímetros de uma tela, é difícil identificar o que representa a pintura, por se estar demasiado próximo dela; torna-se necessário olhá-la de maior distância, para a compreender no seu conjunto. Mas eu não concordo com esta opinião. Ninguém melhor que o próprio interveniente de uma relação amorosa saberá abarcá-la no seu todo e nos seus mais ínfimos pormenores. Ou seja, dados não lhe faltam. A impossibilidade de analisar a relação liga-se a outras questões que não a distância. Porque este não é um problema de visão, mas sim de interpretação.

A questão da (falta de) experiência está posta de lado, já que apenas explica os casos de impossibilidade total de análise (tanto da própria relação amorosa, como da alheia). Assim sendo, o que impedirá uma pessoa experiente e sem problemas de visão de interpretar correctamente a informação que recebe da análise da sua relação amorosa? É simples: ela própria! Ou antes a sua insegurança. Pois é a insegurança que leva a pessoa a duvidar e a pôr em causa a veracidade dos dados recolhidos pela experiência, o que dá origem a resultados deturpados.

Portanto, a insegurança origina a dúvida. E, quem duvida, hesita. E, quem hesita, não age. Ou seja, não come. Para quebrar a cadeia, há apenas que ser suicida (ou ganhar auto-confiança, mas isso exige um trabalho de anos, e os frutos são acessíveis apenas a alguns escolhidos). Há que ser suicida e ter tomates para agir – tendo sempre presente que mais vale a certeza definitiva de um “não” pelas ventas acima, do que um eterno “talvez...” Eis o lema do Jacaré: quando em dúvida, morde. Logo saberás se a presa se deixa comer.

Normalmente, deixa. Todos gostam de umas dentadinhas. E, ainda que só receba negas, lembre-se que um único “sim” faz tudo o resto valer a pena. Portanto, não desespere. Continue a tentar.

OS CABELOS DE SANSÃO

Outro dos contactos estabelecidos da noite é uma cara já minha conhecida dos bailes de Danças de Salão do Ginásio Clube Português. Estamos sentados à mesma mesa e ela conversa com a jovem milonguera quando, subitamente, me dirige a palavra: “E então, o Tango Argentino é a tua nova paixão?” Inicialmente apanhado de surpresa, respondo-lhe que a minha paixão são as Danças de Salão, ao que ela responde que “Eu sei, gosto muito de te ver dançar nos bailes do Ginásio Clube.” “A mim?...” pergunto, surpreendido. “Sim! Danças muito bem! Tens energia e, visualmente, demarcas-te um bocado, com o teu cabelo ondulado. Vejo-te dançar e fico a desejar: ‘Também quero dançar assim, quando for grande!’” diz ela a sorrir.

Estou pasmado! Obviamente, com todo este à-vontade, ela já não é nenhuma jovem menina. É uma mulher madura, com os seus quarenta e poucos anos. Mas bem conservada, uma morenaça toda enxuta e que, a avaliar pela sua aparência actual, deve ter sido uma boa brasa quando jovem.

A certa altura, ela incita um colega a escolher uma das senhoras sentadas àquela mesa para dançar. Ele hesita. Com quatro ou cinco mulheres por onde escolher livremente (e todas em pulgas para dançar!), o trouxa para ali fica a olhar estupidamente, a abrir e fechar a boca como um peixe. Ela, vendo o seu embaraço, goza: “Se quiseres, também podes escolhê-lo a ele,” e aponta para mim. “Sim, pelos meus lindos olhos,” corroboro eu. “Ou antes pelos caracóis,” replica ela.

Mau! Duas referências ao cabelo na mesma noite? Isto só pode significar que ela tem fetiche pelos meus belos caracóis! E já não é a primeira que se mostra rendida à minha cabeleira ondulada! Contudo, nunca me tinha acontecido alguém preferir os caracóis aos meus lindos olhos! Quanto a mim, nunca lhes achei grande piada e sempre cortei o cabelo rente. A única razão que me levou a deixar crescer o cabelo é porque estou a ficar com umas entradas do caraças e esta é, provavelmente, a última oportunidade que tenho nesta vida de ter uma trunfa metaleira antes de ficar careca.

Não sei que raio de atracção é essa das miúdas pelos caracóis. Mas também não procuro compreender. Limito-me a aproveitar a situação. Porque, eventualmente, hei-de ficar careca e depois acabou-se o que era doce. Adeus caracóis. E olá polimento para a careca.

Mas podia ser pior. É melhor careca que impotente.

TANGO NA COMUNA

São onze e meia da noite de Sábado, dia 29 de Maio, quando chegamos ao Café Teatro da Comuna. O local ainda está vazio. Na mesa de som, no palco, operam-se os derradeiros preparativos para a milonga de Tango Argentino que vai ter lugar. E eu lá estou, a convite de uma boa amiga. Convite que, confesso, me vi relutante em aceitar – não sou grande dançarino de Tango Argentino (sei apenas o básico, mas falta-me muita prática) e custa-me passar uma noite inteira a ouvir o tango sem o poder dançar comme il faut. Porém, confesso que fiz bem em aceitar. Apesar de só dançar 5 tangos, 4 kizombas, 1 cha-cha-cha e ½ slow foxtrot, o que, numa noite inteira, é horrivelmente pouco para mim. Mas esta noite vale essencialmente por outras coisas. Nomeadamente, pelos novos contactos estabelecidos.

De entre as conhecidas da minha amiga presentes na milonga, uma há que me chama de imediato a atenção. Por duas boas razões: a da direita e a da esquerda. Menina jovem, bonita e muito bem feita, mostra-se uma exímia dançarina de tango. Que pena que me faltem as unhas para a conduzir num tango bem esgalhado! Mas não é isso que me impede de a convidar para dançar um electrizante cha-cha-cha ao som de “Smooth”, do Santana. Ela não sabe dançar, mas deixa-se conduzir muitíssimo bem e é assim que, magistralmente, estabeleço contacto com ela.

Quem, por seu lado, parece ter boas unhas para a conduzir no tango é o DJ Grunho. Um conhecido destas andanças, ele põe música em vários bailes por essa Lisboa afora. Tal como a sua alcunha indica, o DJ Grunho é um tipo meio neandertalóide: baixo, largo, sem pescoço e com cara de bronco. Intelectualmente, é um pouco limitado. E um bocado melga. Mas a característica mais notável nele é a sua absoluta inexpressividade. Caramba, o gajo mete num saco os reis da falta de expressividade que são o Chuck Norris e o Steven Seagal! Mas nem tudo é negativo na sua pessoa e num ponto eu tenho que lhe tirar o chapéu (que não se diga que o Jacaré é injusto): o homem realmente sabe dançar o tango. Nesse ponto, ele mete-me num chinelo. Sem dúvida.

E é ele quem, dando mostras de grande confiança (e até alguma intimidade) com a bela e jovem milonguera, a conduz com perícia em alguns tangos bem esgalhados. Segundo ela, ele anda a ensinar-lhe o Tango. Acredito. E, de caminho também lhe deve andar a mandar a tanga. Quanto a mim, limito-me a arranhar dois míseros tangos com a menina, que, muito simpática, me garante terem sido “lindos.” Não foram, mas eu estou disposto a virar este ponto negativo a meu favor. Assim, no final do baile, aproximo-me dela e, com enorme à-vontade, digo-lhe que a considero muito simpática, mas que o meu tango, infelizmente, ainda deixa muito a desejar. “Mas hás-de ir comigo a um baile de Danças de Salão e eu mostro-te o que é dançar!” Ela ri-se com gosto e diz que gostaria muito, mas que, nesse caso, seria ela quem ia ficar em desvantagem. “Calha a vez a todos!” digo eu, a sorrir. E ela ri-se, garantindo, contudo, que gostaria muito de ir.

Só não lhe saco o número de telemóvel na altura porque o Grunho está mesmo ao nosso lado e algo me diz que ele não haveria de gostar de me ver imiscuído no “seu” território. Ao invés, jogo uma cartada contemporizadora e digo-lhe, apontando para ele, que “Este gajo é que costuma estar nos bailes de Danças de Salão do Mercado da Ribeira. Sei que vai haver um no próximo mês; combina com ele e apareçam lá!” Ele limita-se a sorrir de lado, mas ela está positivamente entusiasmada! E, antes de dar por terminada a minha noite, ainda danço uma kizomba bem quente com ela, que confessa sinceramente ter sido bem melhor que os tangos.

Não acredito que ela tenha algo com o Grunho. Ainda. Mas, para lá caminha. Pouco importa. A primeira impressão que lhe deixei foi altamente positiva. Ela há-de lembrar-se de mim e do meu charme. O Grunho que se ponha a pau comigo. Senão, dança. Fica sem par, mas dança.

sábado, maio 29, 2004

ANDANÇAS 2004

O Andanças, caso os meus amigos não saibam, é um evento que tem lugar todos os anos durante o mês de Agosto. Já vai na sua 9.ª edição (mais info em www.pedexumbo.com). Nele se reúnem workshops dos mais variados tipos de dança, desde a Valsa às Danças Folclóricas, passando pelas Danças Europeias, pelos Pauliteiros, pelo Hip-Hop e pelas Danças Africanas. E mais! Muito mais! O dia tipo do Andanças divide-se em variados workshops de dança, a decorrer simultaneamente em vários palcos montados para o efeito. Uma pessoa só tem de decidir em que workshop pretende participar e aparecer no palco certo à hora designada. Caso se aborreça a meio, pode sempre abandonar o palco em que está e procurar outro workshop mais interessante num dos outros palcos. A par de toda esta actividade, o dia abre e fecha com sessões de relaxamento físico e espiritual, em actividades que vão desde o Tai Chi Chuan, ao Yoga, à meditação e aos Encontros do Umbigo (cenaça marada! Nem vos conto nada! A experimentar!). À noite há concertos e bailes para todos os gostos (cada um a decorrer no seu palco), onde se pode pôr em prática aquilo que se aprendeu durante o dia. É curtir até às tantas! E, no dia seguinte, segue a contradança.

Como qualquer rapaz minimamente inteligente poderá perceber, um local destes é um autêntico viveiro de gajas! De uma maneira geral, elas adoram dançar e tudo o que se relacione com dança. Junte-se a isso a ocasião festiva e o calor do Verão e temos um ambiente descontraído onde se torna relativamente fácil conhecer novas pessoas. Ergo, não há outro sítio em que eu queira estar este Verão para conhecer gajas. Aquilo é o Paraíso! A única preocupação de um gajo ali é ter sempre à mão caneta e papel suficiente para anotar todos os números de telemóvel que vai sacar.

Assim, ando a juntar um grupinho porreiro para ir ao Andanças. E, mesmo que acabem todos por se cortar, eu estarei lá! Para já, o meu grande amigo Flogger está comigo de pedra e cal e deve levar uma amiga (a propósito, se ela não tiver saco-cama, não se preocupe, que dorme no meu. Aquilo é estreitinho, mas um em cima e o outro em baixo e a gente há-de acabar por se entender bem). A minha amiga Salex Go-Go também se mostrou entusiasmada, mas ainda não confirmou nada. Na mesma situação estão o jOhn e o Cigano Dias – dizem sempre que estão nessa, mas aposto que vai correr qualquer coisa mal à última da hora que os há-de impedir de ir. Enfim, their loss. Hei-de reservar um pensamento para eles, quando lá estiver a curtir com um monte de miúdas giras.

Portanto, aceitam-se inscrições. Se és um(a) jovem de hormonas aos saltos e estás interessado em participar, junta-te à Party do Jacaré! E vem connosco ao Andanças curtir à grande! Inscreve-te já!

DESIGNER GRÁFICO

Hoje tirei o dia para ficar em casa. A trabalhar. Ainda pensei ir à Feira do Livro à tarde e até cheguei a convidar a menina do “Kill Bill” para me acompanhar (era a vez dela, já que, na semana passada, jantei com a quarentona). Contudo, ela estava meio atolada em trabalho para a Faculdade, o que a fez declinar o convite, prometendo, no entanto, sair comigo para a semana. E, assim sendo, deixei-me ficar em casa, absorvido pelo projecto que actualmente tenho em mãos.

Daqui a uma semana finda o prazo para o concurso de criação do cartaz para o Andanças 2004. E eu vou concorrer com uma proposta monstra! O prémio são duas entradas semanais para o evento (incluindo refeições diárias) e possível contrato remunerado para criação de restante material gráfico para o acontecimento. Dado ser mais que certa a minha presença no evento (já marquei as minhas férias no emprego e tudo), melhor mesmo só se fosse sem pagar! E, se tudo depender de mim, é o que vai acontecer, quando eu ganhar o concurso do cartaz. Torçam por mim.

quinta-feira, maio 27, 2004

BIS! BIS!

Uma semana decorrida desde a exibição de Danças de Salão e continuo a receber elogios e parabéns pela prestação do grupo em geral e pela minha em particular. Na aula de hoje, recebo também as fotos do espectáculo. Para alguém que não se considera fotogénico, tenho de confessar que fiquei muito bem parecido em todas as fotos. Estou espantado. Mas, e daí, creio que qualquer pedinte ficaria bem se lavado, barbeado e enfiado numa casaca de abas de grilo, papillon e luvinhas brancas.

Regra geral, as fotos estão bastante boas, embora algumas pequem por erros de focagem e/ou enquadramento. Acredito que seja difícil fazer fotografia de dança, mas, mesmo assim, estou em crer que, caso o fotógrafo designado tivesse sido o meu amigo Misfit, o resultado teria sido melhor. Basta deitar uma olhadela à sua galeria de fotografia, para um gajo ficar perfeitamente convencido do seu talento. Ou isso, ou deixei-me encandear pela voluptuosidade das ancas do álbum “My Betty Boop” (e logo eu, que tenho alto fetiche por cuequinhas de mulher!). De qualquer modo, não perco nada em perguntar-lhe se está interessado em fotografar uma próxima exibição minha.

Exactamente a propósito, e para todos aqueles que teriam gostado de assistir à exibição mas não o puderam fazer, corações ao alto! Acedendo a pedidos de inúmeras famílias, o Grupo de Danças de Salão do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal orgulha-se de voltar a apresentar o seu espectáculo, no próximo dia 17 de Junho (quinta-feira), às 17:00h, no Edifício Portugal (entrada pelo n.º 2 da Rua Francisco Ribeiro), nos Anjos, em Lisboa. Como sempre, a entrada é livre.

Por isso, já sabes! Junta-te a 4 amigos e forma a Claque do Jacaré! Cria um cartaz bem grande alusivo (e abonatório) ao Jacaré, inventa algumas palavras de ordem e um hino inspirador e mostra o que vales no dia da exibição! Os prémios para a Melhor Claque do Jacaré incluem lições grátis de Mambo horizontal para as meninas e palmadinhas nas costas para os rapazes (salvaguardando sempre a distância mínima de segurança de 50 cm entre as partes pudendas). Participa já! Mais informações nas caricas das garrafas de Bagaço Trotil, “o bagaço que é uma Bomba!”

terça-feira, maio 25, 2004

PARA ALÉM DA FACHADA

A minha veia artística faz-me um grande apreciador da beleza feminina. Beleza física, obviamente. Isto não significa que não me interesse pela beleza interior da mulher, mas não é isso que está agora em causa. Falemos de carne. É preciso saber olhar para o corpo feminino. Observá-lo. Contemplá-lo. Analisá-lo. E, claro está, classificá-lo. Tal como um apreciador de vinho, eu dedico-me à apreciação da beleza feminina. Mas é necessário fazê-lo segundo critérios rigorosos e inteligentes, ao invés de se deixar levar pela cabeça do piço, como muito bom rapaz faz para aí. Porque elas recorrem a truques do arco da velha (especialmente à medida que o Tempo lhes vai pesando mais e mais no lombo) para fazer parecer aquilo que já não é (ou nunca foi), e assim iludir um gajo. Há para aí muita publicidade enganosa...

Um gajo tem de abrir os olhos, mas não pode aceitar como verdadeiro tudo o que vê. Vivemos num mundo de fachadas e raras são as meninas que se mostram tal como são. Elas recorrem a uma gama infindável (e inconcebível!) de produtos de beleza, usam desde Wonderbra® a cintas adelgaçantes, injectam silicone, fazem lipoaspirações, puxam e repuxam a pele e pintam unhas, cabelos e pintelhos. Já para não falar nas roupas que usam – e tantas vezes o encanto da prenda reside apenas e só no papel de embrulho! Resultado: ganha quem ilude mais convincentemente. E um gajo é otário se não desconfiar. Corrijo: mais que desconfiar, um gajo deve é questionar.

Felizmente, existem truques a que um homem pode recorrer para ver além da fachada. Porventura o mais conhecido é o Teste da Areia, que basicamente consiste em analisar a menina-alvo em fato de banho. Naturalmente, a oportunidade para o fazer surge numa ida à praia – daí o nome do teste. É de uma eficiência brutal; já me aconteceu duas ou três vezes desapaixonar-me de uma rapariga depois de a ver em biquini.

Seguidamente, temos o Teste do Toque. Este teste tem a particularidade de ser muito usado por elas. No decorrer de uma conversa perfeitamente normal, elas são mestras a pousar as mãos “casualmente” nos pontos do rapaz que mais lhes interessam: cara, ombros, peito, cintura. Para testar a qualidade da carne. Mas nós também o podemos fazer. Contudo, é necessário um certo à-vontade e muita sensibilidade para usar este teste. O tempo de contacto não pode ser muito curto (caso contrário, não se consegue avaliar nada), nem muito prolongado (sob pena de incomodar a rapariga em questão). Do mesmo modo, a pressão exercida não deve ser muito fraca nem demasiado forte. Depois, existe o grau de dificuldade em tocar os pontos quentes. Ombros, braços e costas são de grau fácil. Depois, a cintura. A seguir, as pernas. E, finalmente, a cara e a barriga são de elevada dificuldade. Mas não impossível.

O Teste do Desporto é um dos mais simples de pôr em prática e consiste basicamente em descobrir as actividades desportivas que a menina em questão pratica. Isso dá-nos uma ideia aproximada das características do seu corpo. Alguns exemplos: a Natação deixa as meninas com a pele lisinha, mas desenvolve-lhes demasiado a caixa torácica e os ombros. O Yoga deixa-as flexíveis. As Danças de Salão dão-lhes boa postura, boas pernas e cintura flexível. A Dança Contemporânea deixa-as secas e musculadas, mas sensuais e muito conscientes do próprio corpo.

Por último, existe o mais insidioso (e sempre ignorado ou desprezado) de todos os testes: o Teste Pergunta-lhe a Ela. Insidioso porque é ela, sem se aperceber, quem nos fornece de livre vontade as informações que desejamos. Basta perguntar-lhe! As raparigas adoram falar delas próprias e das suas mazelas. E se encontram um rapaz disposto a ouvi-las discorrer sobre os seus pneus, a sua celulite, a sua barriga e as suas ancas, não deixam a oportunidade escapar! Um gajo só tem que ouvir e tirar as suas próprias conclusões. Não se costuma dizer que “o peixe morre pela boca”?...

domingo, maio 23, 2004

MALEFÍCIOS DO SILICONE

Lívia Lemos, brasileira boa e toda grossa, suposta namorada do Ronaldo, o craque do Real Madrid (esse gajo só anda com gajas boas, rai’s o partam!), é apresentadora de desportos radicais do canal SporTV da Globo, segundo a Maxmen deste mês (a que traz a Carmen Electra na capa!).

Em entrevista para a revista, a bela loirinha revela que entufou cada mama com 195 ml de silicone, que, a avaliar pelas fotos (especialmente a da página 108; grrraurrr!, adoro o look pretensamente virginal), foram muito bem empregues. Infelizmente para a menina, a operação “impede-a de ir aos limites radicais” que o seu trabalho requer e, portanto, da última vez que tentou fazer bungee jumping, os médicos não a deixaram dar o salto lá de cima.

Ponho-me a imaginar. Não deixa de ser uma imagem com a sua piada dois balões de silicone a esborrachar-se no chão, enquanto a menina, presa pelos pés de cabeça para baixo e saltitando na ponta de um elástico, se esvai em sangue, que lhe brota de dois buracos no peito, salpicando os incautos transeuntes. Gore, sim. Mas não deixa de ter o seu quê de cómico.

Como é que os “Happy Tree Friends“ nunca de lembraram de uma cena destas? Vou ter de ser eu a representá-lo numa banda desenhada?...

quinta-feira, maio 20, 2004

DANÇAS DE SALÃO: A EXIBIÇÃO

A exibição de Danças de Salão corre muito bem. No final, recebo um monte de elogios e felicitações da parte de todas as minhas amigas presentes no espectáculo, incluindo a minha mãe e a minha irmã (mais o seu precioso rebento e meu mui querido sobrinho). A minha ex também lá está, procurando subtilmente (mas não tão subtilmente que escape aos meus olhos treinados de Jacaré velho) a minha proximidade. Obtém distanciamento. Glacial. Detesto dar desprezo a quem quer que seja, mas a minha sanidade emocional requer distância dela. Ela faz mal à saúde. Porque não sabe o que quer e tão depressa diz que sim como, logo a seguir, que não. Aprendi esta dura lição com ela, à conta de muitas cabeçadas. Cabeçadas que não pretendo repetir.

Antes do espectáculo começar, tem lugar um episódio interessante. O Mestre de Danças Históricas Vicente Trindade tenta convencer-me a desfazer o rabo-de-cavalo e a dançar de cabelo solto. “Na época das Danças Românticas usava-se o cabelo longo e encaracolado, portanto não lhe vai ficar mal,” afiança ele. Mas eu não estou muito convencido; o meu cabelo é forte p’a caraças, tem vontade própria e deu-me um trabalhão a prender para ficar lindinho para a exibição – portanto, nem pensar agora em soltá-lo!

“Solte-o, homem!” continua o Mestre Vicente, “Isso do rabo-de-cavalo só faz um homem parecer maric...” E, muito atrapalhado, põe ambas as mãos sobre a boca, impedindo-se de terminar a frase, pois, nesse preciso momento, passa por ele o meu professor de Danças de Salão, também de rabo-de-cavalo! Risota geral! E eu sinto-me aliviado – enquanto o meu professor mantiver o cabelo preso, eu não me sinto constrangido a soltar o meu. Contudo, ele acede em soltar o seu cabelo, movido quiçá pela sua costela graxista e vontade de bajular o Mestre. Mas eu mantenho-me firme; e só altero a minha posição segundo uma ordem directa. E então, ao ver a minha renitência, o meu professor volta atrás na sua palavra: “Eu solto, se tu também soltares.”

Espertalhão. Não quer é ficar com a responsabilidade da decisão. Mas eu estou de pedra e cal. “Então, também não solto. Vamos mesmo assim,” diz ele. E o Mestre não mais se pronuncia sobre o assunto.

Parece maricas? Pouco importa. Sou um homem perfeitamente seguro da sua sexualidade. Não preciso de me guiar por regras de conduta aparente para convencer os outros ou a mim mesmo seja do que for.

quarta-feira, maio 19, 2004

DIVIDIR PARA CONQUISTAR

Conhecem aquela das Rainhas Magas? A anedota que conta o que aconteceria se, ao invés de três Reis Magos, tivessem sido três Rainhas Magas a visitar Jesus em Belém, aquando do seu nascimento? Reza a história que teriam chegado a horas, teriam oferecido presentes de jeito, ao invés de coisas sem qualquer préstimo, como incenso e mirra (já do ouro, ninguém contesta a sua utilidade), teriam levado roupinhas para o bebé e uma manta para o aconchegar na manjedoura, teriam cozinhado uma boa paparoca lá p’á malta, teriam lavado a louça toda e dado um jeito ao estábulo e, finalmente, teriam ido embora ainda antes dos Reis Magos se fazerem à estrada.

Contudo, no caminho de volta, teriam gasto o tempo todo em comentários maledicentes acerca da pobreza do casal, da insalubridade do seu modo de vida conjunta com os animais, da rudeza dos pastores, do carácter de corno manso de José e da falsa virgindade de Maria.

Na semana passada, ao escrever acerca do facto das mulheres não saberem o que querem, e aludindo às reacções delas a esta afirmação, referi que “... as mais exacerbadas explosões de cólera têm sempre como causas o medo e/ou a opressão.” E acrescentei que “este é um caso típico de medo.” Porém, como não podia deixar de ser, logo houve quem levantasse a sua voz em protesto! Que não, que não era caso de medo, mas sim de opressão! Na sua forma mais antiga: opressão da mulher pelo homem!

Ora, give me a break! Essa conversa é boa é para os Taliban e a lei da burka! Mas para nós, felizes cidadãos do mundo moderno ocidental, não se aplica. Para nós, a opressão da mulher pelo homem é coisa que já não existe! Duvidam? Olhem à vossa volta! Hoje em dia a mulher partilha todos os direitos e oportunidades que cabem ao homem na vida em sociedade. Até a vemos a conduzir autocarros! E, tal como na anedota das Rainhas Magas, ela não só pode desempenhar qualquer cargo que o homem, como o faz tão bem ou melhor que ele! Provas? Basta olhar para as Universidades do país – cada vez aumenta mais o número de meninas universitárias e licenciadas, especialmente em comparação com o número de membros do sexo oposto. Elas estão a entrar em força no mercado de trabalho e nós, homens, estamos a deixar-nos sufocar, sem poder fazer nada para equilibrar a situação. Porque a mulher tem uma capacidade de organização e uma tenacidade para atingir os objectivos a que se propõe (ou, dito por outras palavras, espírito de sacrifício e muita dedicação) que a transformam numa verdadeira máquina multi-tarefa. Conheço vários casos de mulheres (amigas minhas) que, durante anos, mantiveram uma vida de trabalho a full-time durante o dia e aulas na faculdade à noite (ou vice-versa), enquanto, nos intervalos, ainda tinham uma família de marido e filhos (em certos casos, só filhos) que não podiam descurar! É obra!

Meus amigos, elas só não governam o mundo, porque não sabem a força que têm juntas! Porque elas estão divididas. O mundo da competição feminina é cruel e desapiedado. Elas são todas inimigas umas das outras e competem por tudo! Tal como na anedota, adoram gastar o seu tempo com intrigas, coscuvilhices e a espetar facas nas costas umas das outras. Homem não faz isso. Regra geral, porque lhe falta a finesse que a dissimulação requer. E, além disso, tem memória curta e é preguiçoso demais para alimentar ódio a quem um dia cometeu uma falta para consigo, por muito grave que tenha sido. Mas ela não. Mulher ofendida, não esquece. E faz pagar.

Contudo, eu acredito que o dia em que elas vão abrir os olhos se aproxima inexoravelmente. Elas hão-de unir-se. E, quando isso acontecer, governarão. Não tenho quaisquer dúvidas. A minha única dúvida reside em saber se elas tolerarão manter por cá o homem ou se o exterminarão sem qualquer piedade. Com o avanço tecnológico, há-de chegar a altura em que elas nem dos nossos espermatozóides terão necessidade. Bastar-lhes-á a clonagem. E a si mesmas.

segunda-feira, maio 17, 2004

ENCONTRO COM O CRIADOR

Vou ao funeral do meu avô paterno, falecido na manhã de ontem. A ocasião é triste (como não podia deixar de ser), apesar da pessoa em causa não ter sido exactamente o mais nobre dos samaritanos.

O meu avô foi Inspector da P.S.P. no tempo de Salazar – só por aí podem apreciar a boa peça que ele não devia ser. Homem muito religioso e de imensa fé, levou uma vida de enorme sofrimento (muitas vezes auto-imposto) e carregou muitas cruzes, no intuito de ganhar o seu lugar no Céu. No seu percurso, cego pela imensidão da sua fé, afastou-se de toda a sua família e tornou-se um estranho para aqueles que devia amar mais. Finalmente, aos 84 anos de vida, abdicou do seu invólucro carnal e voou ao encontro do Criador.

De certo modo, invejo-o. Mas apenas porque, neste momento, ele detém todas as respostas às grandes dúvidas existenciais. Neste momento, ele já sabe se as escolhas que fez durante a vida compensaram ou não. E eu pergunto-me se ele recebeu aquilo que tanto queria e por que tão penosamente sofreu. Pergunto-me se o seu Deus o recompensou pelo homem de fé que ele foi em vida, apesar de, no processo, ter tornado a vida miserável à sua mulher e aos seus filhos. Pergunto-me o que terá mais peso aos olhos do seu Deus: se a fé cega que o meu avô demonstrou ao longo da sua vida, se a infelicidade que ele espalhou à sua volta entre aqueles que eram a sua família. E, finalmente, pergunto-me se o seu Deus terá a coragem de castigar o meu avô, quando o velho apenas fez aquilo que acreditava estar certo.

Considerações teológicas à parte, uma coisa é certa: por muito má rês que uma pessoa seja, deixa sempre saudades a alguém no mundo, que cá fica para a chorar. Confesso que a mim o velho não vai causar grandes saudades. Sou sincero. Mas o meu pai e os meus tios choram amarga e sinceramente no funeral. Por um homem louco de tão possuído pelo seu fanatismo religioso que já ninguém tinha paciência para aturar quando em vida.

Mas era o seu pai. Carne da sua carne. Sangue do seu sangue. E, por isso, parte deles também morre com o velho. Assim como parte de mim...

Portanto, adeus, avôzinho! Que a tua demanda kármica te seja profícua e feliz! Talvez nos voltemos a encontrar numa próxima encarnação! Au revoir et à bientôt!

domingo, maio 16, 2004

DILEMA

Ando com um dilema de difícil resolução. De cariz amoroso. Talvez os meus leitores me possam aconselhar...

Tenho andado a sair com uma menina que conheci na famosa noite de Sexta-feira, 30 de Abril de 2004. Passei uma tarde muito agradável na sua companhia, no dia do meu aniversário, e ontem fomos juntos ao cinema, ver o último do Tarantino. Sinceramente, preferi a primeira saída, já que, dessa vez, houve muito mais oportunidade para conversar. Seja como for, a ida ao cinema foi boa e a coisa promete. Além de ser bonitinha, ela é simpática e interessante. Gosto muito da sua companhia e da sua conversa. E não tenho dúvidas que ela também gosta de estar comigo.

Por outro lado, ando actualmente a dar-me muito bem com uma colega da aula de Salsa. Mulher madura (divorciada e com filhos), ela tem um corpo que é uma verdadeira ode à beleza feminina: um peito bem formado (não exagerado), uma cintura delgada, um par de pernas esculturais, e, para cúmulo, um cuzinho bem cheio e torneado (que tomara a muitas raparigas com metade da sua idade!), tudo moldado num conjunto de proporções equilibradas ao milímetro! A despeito da idade, ali não há nada que enganar – aquilo é excelente material. Ela é mulher activa, que pratica um imenso rol de actividades desportivas; aquela carne está bem firme e exercitada. Própria para o dente do Jacaré! Junte-se ainda ao conjunto uma personalidade de extrema simpatia e de uma constante (quase exuberante!) boa disposição e tem-se uma mulher de sonho!... Não fosse a cara dela desequilibrar um pouco o ensemble. Mas esse é o único ponto negativo e torna-se facilmente desprezável, tendo em conta todas as qualidades.

Como os meus perspicazes leitores já terão percebido, o dilema reside no facto de me encontrar dividido, sem saber em qual das meninas apostar a sério. Presentemente, não estou apaixonado por nenhuma delas, mas sinto que pode acontecer com qualquer uma delas, basta eu deixar. Contudo, para complicar a questão, existe um dado que pode fazer toda a diferença: a idade. Assim, saibam que a menina da Salsa já conta com quarenta graciosas Primaveras, ao passo que a menina do “Kill Bill” ainda não tem vinte. Quanto a mim, como os meus amigos bem sabem, estou próximo da trintena.

E aqui reside o meu dilema. A menina do “Kill Bill” é jovem para mim. Demasiado jovem. É pita e ainda tem que passar por muito nesta vida. Nesta altura do seu percurso, ela procura apenas um namorado. Eu procuro uma relação para o resto da vida. E isso é absolutamente diferente. Por outro lado, a mulher da Salsa... é uma Mulher. Com M maiúsculo. Já passou por muito nesta vida. Isso nota-se. E atrai-me. Assim como também me atrai aquele corpo de pecado. Mas já tem filhos... Que eu até conheço e acho porreiros, mas não estou interessado em ser pai deles! Portanto, que fazer?...

Opção A: Escolher a menina do “Kill Bill” e apostar na juventude (em detrimento da maturidade).
Opção B: Escolher a mulher da Salsa e apostar na maturidade (em detrimento da juventude).
Opção C: Comer as duas e livrar-me delas quando me fartar.
Opção D: Não comer nenhuma e dar em gay.

Exorto os meus leitores a partilhar comigo as suas opiniões. Se tiverem alguma sugestão original que não se encontre entre as citadas, partilhem na mesma. Sempre quero ver em que é que isto vai dar...

quinta-feira, maio 13, 2004

HEAR YE, HEAR YE!

Grande acontecimento! Estão todos e todas convidados e convidadas para assistir à exibição do Grupo de Danças de Salão do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal (a que pertenço), na próxima quinta-feira, dia 20 de Maio, às 17:00h, no Edifício Portugal, sito na Rua Francisco Ribeiro, n.º 2 (paralela à Avenida Almirante Reis, na zona dos Anjos). A entrada é livre. E o Jacaré dança! Apareçam!

quarta-feira, maio 12, 2004

NO MUNDO POR VER OS OUTROS ANDAR

Se há opinião que professo que invariavelmente provoca as mais acirradas e violentas reacções por parte do género feminino é o de que, no campo amoroso, as mulheres não sabem o que querem. Eu entendo a sua ferocidade e exaltação. As mais exacerbadas explosões de cólera têm sempre como causas o medo e/ou a opressão. E este é um caso típico de medo – elas irritam-se porque, no fundo, receiam que eu tenha razão.

Rogo-lhes, porém, que não se chateiem as meninas ultrajadas. Porque o problema não é exclusivo do seu sexo – os homens são iguais. Faz parte da condição humana. Existe no género humano uma inaptidão geral para conciliar o lado racional com o emocional. Por outras palavras, o que pensamos está permanentemente em conflito com o que sentimos. “O espírito é pronto, mas a carne é fraca” é um provérbio que espelha bem os resultados desta luta. Contudo, ninguém gosta de ser considerado fraco. E, por isso, as pessoas iludem-se a si próprias. Acerca de si próprias. Assim sendo, como podem identificar correctamente aquilo que querem ou deixam de querer? Quando lhes falta sinceridade para consigo mesmas?...

Tenho amigos que pretendem que, mesmo assim e ao contrário das mulheres, os homens sabem melhor o que querem. Eu não partilho essa opinião. Talvez os homens pareçam saber melhor o que querem. Mas, entre o ser e o parecer, vai uma enorme diferença.

O que acontece é que, ao contrário da mulher, ao homem raras vezes é dada a possibilidade de escolha no campo amoroso. Por essa razão se apega tanto a tudo o que lhe caia na rede: porque é raro. E ele está sempre disposto a tirar o melhor partido do acontecimento. Por outro lado, esta é também uma das razões porque a esmagadora maioria dos gajos não perde uma oportunidade para comer – basta que a mesa esteja posta, que a fome fala sempre mais alto. Pelo contrário, a mulher pode dar-se ao luxo de escolher o que quer comer. Mesmo aquela que é irremediavelmente mediana (que não se evidencia especialmente nem em termos físicos, nem de carácter), tem invariavelmente uma legião de admiradores por onde pode escolher, dispostos a tratá-la como uma rainha (ver entrada de Sábado, 21 de Fevereiro de 2004). E é exactamente aqui que reside o busílis de toda a questão. Porque a escolha implica decisão. Consequentemente, quanto maiores forem as possibilidades de escolha, mais difícil se torna a decisão.

A escolha amorosa é, basicamente, a avaliação da correspondência psico-sensorial existente entre aquilo que uma pessoa deseja em termos amorosos (resultante da negociação entre os seus lados racional e emocional) e aquilo que o potencial pretendente tem para oferecer. No caso masculino, não há que saber: a sua possibilidade de escolha é tão estreita, que ele se limita a deitar avidamente o dente a tudo o que se venha esfregar no seu nariz – sabe lá ele quando volta a ter sorte! O caso feminino é diferente: como tem espaço de manobra para escolher, ela quer fazer a melhor escolha possível. Ora, isso torna a questão muito mais complicada, porque nada é absoluto e o melhor de hoje pode muito bem ser (ou tornar-se) a caca de amanhã, dependendo do percurso de amadurecimento (ou não) das pessoas em causa – tanto dela, como dele(s) – e daqueles que vão entrando em cena, influenciando constantemente esta Equação Amorosa. Tomar uma decisão nestes termos é quase impossível e é por isso que ela se vai abstendo de o fazer e nunca dá a certeza do que quer. Cabe ao homem fazer-se valer aos olhos dela. Continuamente. Para a convencer de que é ele o melhor. Ou o mais próximo disso que ela poderá encontrar.

Diz-se que Freud morreu com apenas uma pergunta por responder: “o que querem as mulheres?” Cometeu um erro crasso. Partiu do princípio que elas sabem o que querem. Ledo engano. Morreu ignorante. Elas não tinham nada para lhe responder. Nada que fizesse sentido. Obviamente.

sábado, maio 08, 2004

É UM MUNDO DE HOMENS

Depois de um excelente dia de aniversário e de uma tarde muito agradável, passada na companhia de uma menina mui bela e simpática, que talvez venha a tornar-se muito especial para mim (e, com sorte, eu para ela), segue-se a desgraça. Fico doente.

Devo ter comido algo que não me caiu nada bem – sinto-me enjoado p’a caraças, estou cheio de cólicas e tenho alguma febre. Resignado, anulo todos os planos para o meu dia e enrolo-me numa manta, aninhado no sofá em frente à televisão. “Embrutece-me,” exorto-a, tal como faria o Calvin, do Bill Waterson. E assim passo a tarde inteira, a vegetar em frente ao televisor.

Papo dois ou três filmes, evito outros tantos concursos e engulo toneladas de publicidade. É incrível como, por mais que um gajo tente fugir, há alturas em que não tem escapatória: quatro canais nacionais de televisão e estão todos a passar anúncios ao mesmo tempo. É preciso ter estômago! E eu para aqui tão doente, incapaz de digerir seja o que for!...

Felizmente, nem tudo é mau. Porque até há alguns anúncios que vale a pena parar para ver: aqueles que são direccionados ao público feminino. São os meus preferidos! É só mamas e cus e pernas longas e peles sedosas e caras lindas! Um espectáculo! Um gajo até os pode dividir em categorias (tal como um bom site porno), de acordo com as suas taras ou áreas de interesse. Senão, vejamos:

Anúncios a shampoos e afins: carinhas larocas com cabelos longos, luxuriantes e sedosos.
Anúncios a produtos de maquilhagem: mais caras lindas, belos olhos e lábios carnudos.
Anúncios a gel para o banho: corpo inteiro – mamas, cintura e pernas. É o jackpot!
Anúncios a bronzeadores: corpos tostados, em biquini.
Anúncios a cereais de pequeno-almoço (com fibra) e afins: corpos esbeltos e esvoaçantes.
Anúncios a pensos higiénicos para tanga: cus, sem dúvida! Shake it, baby!
Anúncios a produtos anti-celulite: cus e pernas.
Anúncios a artigos de depilação: pernas.
Anúncios a perfume: mulheres belas e sofisticadas (mas algum lirismo barato e insuportável).
Anúncios a lingerie: sem comentários!

Conclusão: a Publicidade é mundo de homens. Para homens. E agora, se me desculpam, tenho de ir, que ‘tá a passar na TV aquele anúncio da Dove®, cheio de gajas de cus apontados à câmara...

sexta-feira, maio 07, 2004

PARABÉNS A VOCÊ

Hoje comemora-se o aniversário de uma pessoa tão maravilhosa quanto extraordinária: eu mesmo! Nesta inesquecível data, agradeço desde já todos os votos de Feliz Aniversário por parte daqueles que se lembraram de tão especial ocasião – a vossa afeição e amizade são apreciadas e reconhecidas por este vosso grande amigo. Quanto aos que se esqueceram, não se preocupem com isso. Congratulem-me quando se lembrarem, que eu até gosto de receber votos de Parabéns atrasados – é sempre uma maneira de prolongar o aniversário. Por último, e em relação aos egoístas, que se esqueceram porque estão demasiado ocupados a pensar em si próprios e na sua vidinha e nunca se lembram de mais ninguém senão de si mesmos (sei bem quem vocês são!), vejam se crescem e se percebem que a Vida é muito mais que o cotão que guardam no umbigo. A continuar como estão, hão-de morrer amargos e sós. O Tempo encarregar-se-á de assim o cumprir.

E, a propósito de Tempo, estou a ficar velho! Mais um ano a juntar à conta de uma vida que já vai quase na trintena! Ou, numa perspectiva inversa, menos um ano. Menos um ano que me falta para o encontro derradeiro com o Criador. Em que, finalmente, irei ver desvendadas todas as minhas dúvidas existenciais. Contando, claro, que o Criador não seja uma espécie de Arquitecto a la Matrix, caso contrário, vou ficar a apanhar papéis com a sua verborreia complexa e hermética.

Mas, até lá, ainda espero andar por cá muitos mais anos. E porque não? Aqui ‘tá-se bem. E, ao contrário de muito boa gente por esse mundo fora, eu adoro fazer anos. Porque acredito que, cada ano, estou incomparavelmente melhor que no ano anterior. Como pessoa, como indivíduo, como ser humano. E, por isso, nunca senti quaisquer desejos de voltar atrás no tempo. Para quê? Para voltar a ser o mesmo adolescente feio, tímido e borbulhento? Ingénuo, iludido e inseguro? Constrangido, frustrado e revoltado? Não, obrigado!

É que nem sequer gostaria de voltar atrás no tempo e reviver a minha vida sabendo o que sei hoje – nesse caso, ainda acabava a comer menos gajas que originalmente! Porquê? Porque aquilo que me encantou nas raparigas que comi ao longo da minha vida, já não me diz nada actualmente. Se me interessei por elas na altura, foi porque era puto e não sabia bem o que queria. Voltando atrás na minha vida e sabendo o que sei hoje, não as voltava a comer! Livra! Além disso, há já muito tempo que me deixei de pitas; agora interesso-me por mulheres. E quem é que gostaria, já adulto e no seu perfeito juízo, de regressar atrás no tempo para voltar a aturar anos e anos de pitas frívolas e imaturas? É que nem o sexo vale a pena, com as dores de cabeça que dá!

Por isso, estou feliz, com os meus 28 anos acabados de completar! E, para comemorar o grande acontecimento, resolvi dar uma brutal festarola: a Festa do Jacaré – para ficar na História como a Mãe de todas as festas! Todos os meus amigos (sem distinção de género) estão desde já convidados! E os amigos dos meus amigos também! Os gajos trazem a bebida e as meninas a comida. Eu ofereço os preservativos e arranjo o local e vocês só precisam de aparecer. Mas, para evitar que isto se transforme na Festa da Mangueira, há que respeitar uma regra muito simples: a proporção de gajas para gajos tem necessariamente e a todo e qualquer momento de ser, pelo menos, de uma para cada um. Assim, no sentido de assegurar o cumprimento da regra, todos os gajos têm de trazer companhia feminina. Que tragam a namorada, a amiga, a prima ou a irmã. ‘Tou-me pouco lixando, tragam quem bem entenderem. Mas tragam!

Caramba!, se ela for gira e ainda estiver aí para as curvas, tragam a própria mãe! Com certeza se arranja quem não se importe de lhe fazer companhia pelo serão a dentro!... Nhac-nhac!

sábado, maio 01, 2004

O BARRIL

Depois de um baile alegre e movimentado como o do Mercado da Ribeira, que é que apetece mais fazer? Emborcar, claro, que um gajo ‘tá cheio de sede! Assim, depois de abandonar o baile, numa altura em que já passa das três da manhã, dirijo-me com mais três amigos (o casal e um outro grande amigalhaço que andava aos caídos lá pela Ribeira) a um edifício por trás do IADE, onde uns amigos comuns organizam uma brutal party para despejar como se não houvesse amanhã. Compram uns valentes hectolitros de cerveja e sangria (a dividir por todos), alugam um espaço e juntam-se todos para conviver e emborcar pela noite adentro, até o Sol raiar. Chamam-lhe “O Barril!” E, aparentemente, tem sucesso, pois já vai na sua quinta edição e aquilo cada vez está maior – mais gente, mais bebida, mais gajas! Oh yeah! Se quiserem deitar uma vista de olhos pelas fotos desta edição (e também das anteriores), apontem os browsers para www.nfist.ist.utl.pt/~jvgama e curtam a cenaça. Procurem bem, e com certeza me encontram para lá a fazer caretas.

Ao chegarmos, já a festa vai muito adiantada. Já está o pessoal todo muito quente, muito alegre. E é normal, pois já estão a encher a cara há umas boas horas! Nós entramos e somos logo bem recebidos. As caras conhecidas do costume, aqui e ali, fazem-nos a parar e trocar dois dedos de conversa com os amigos que já não vejo há algum tempo (talvez desde o Barril anterior!). Tudo é festa e alegria!

Depois de me aviar com um belo copo de sangria, sento-me ao lado de uma amiga minha, muito gira e fofinha, do género petite (que apetece abraçar e dar beijinhos), que me presenteia com uma das mais calorosas recepções da noite. Aproveito que o namorado dela não está por perto para conversar com ela à vontade, antes que o gajo chegue e a leve com ele.

De repente, vejo o gajo do outro lado da mesa a que estamos sentados. Só que, para meu grande espanto, ele não parece minimamente incomodado com a minha conversa com a sua namorada... Pelo contrário, ele parece estar bem mais interessado na miúda em cujo pescoço está a respirar. Interrogo a minha companhia nesse sentido e, com alguma surpresa, ouço-a anunciar que, afinal, após dois anos e meio de namoro, eles acabaram recentemente. “A sério?!” digo eu, “Mas olha que isso é muito bom!” “Então porquê?” pergunta ela, chocada. “Porque significa que, agora, já me posso atirar a ti!” Por momentos, ela fica sem reacção. Depois, habilmente, brinca com o assunto, mas assente! Oh yeah! Esta noite está mesmo inacreditável!

Conversamos durante quase duas horas. Ao bater das cinco da manhã, anuncio a minha retirada. O meu amigalhaço continua aos caídos por ali e acho por bem acabar com o seu sofrimento, já que ele foi tão porreiro por ter aguentado a última hora a passear de um lado para o outro, enquanto eu dava conversa à menina (e ela a mim!). O seu sacrifício é de maior valor ainda se tivermos em conta que o gajo não conhece ninguém no Barril. E que vou dormir a sua casa. Conclusão: o gajo está à minha espera p’a bazar. É um excelente amigo! Here’s to you, buddy!

Despeço-me então da linda menina, aproveitando o ensejo para a convidar a sair durante o dia. Ela pergunta-me se estou a pensar em algo em especial e eu replico que apenas quero estar com ela. “Isso é uma onda muita boa,” diz ela. Pois é. É a melhor de todas, baby!

Chego a casa exausto. Mas feliz. A Vida é engraçada. Tão depressa nos dá um pontapé nos queixos, como, logo de seguida, um beijo na testa. Que noite incrível! Out of this world!

BAILA COMIGO

Passa das onze e meia da noite de Sexta-feira, 30 de Abril de 2004. No Mercado da Ribeira, em Lisboa, há baile de Danças Europeias, animado pela banda Monte Lunai. E eu estou lá. As noites de Danças Europeias na Ribeira costumam ser de arromba: ambiente divertido, cheio de energia positiva, montes de pessoal, muita freakalhada, muitas raparigas bonitas cheias de vontade de abanar o corpo e, claro, muita música. Vou sozinho, mas tudo bem – tenho a certeza de encontrar alguns conhecidos e, com sorte, fazer novos amigos (ou, mais precisamente, novas amigas).

No salão principal já se dança! No palco, os Monte Lunai atacam alegremente os instrumentos e, na pista de dança, a turba animada ondula febrilmente ao som da sua música. Descubro um casal amigo entre os felizes dançarinos e, assim que a música termina, cumprimentamo-nos, num ambiente de alegria e descontracção. Entretanto, a professora da banda ordena que os dançarinos, juntos em pares, formem uma roda para a dança seguinte. Para os meus amigos, tudo bem, mas eu quero dançar e não tenho par (nem me apetece chamar o António!). Rapidamente, convido a rapariga mais próxima para dançar comigo. Ela aceita. Não sabe dançar nada daquilo, mas pouco importa – o pessoal diverte-se na mesma. E eu tive sorte – acertei numa miúda que não só é gira (que belos olhos!), como também simpática. Esta noite está do caraças!

Passa-se assim algum tempo. Até que, pouco depois da meia-noite, durante uma merecida pausa entre duas músicas, a vejo. É ela! A loira gira das mamas grandes que conheci no último baile de Danças Europeias, na noite de Sexta-feira, 12 de Março! Desta vez, não posso sair do baile sem o número de telemóvel dela! E, milagre dos milagres!, parece que alguém lá em cima (ou lá em baixo) ouviu as minhas preces, porque, assim que a banda enceta uma bela valsa, ela abandona os amigos e dirige-se a mim, para me convidar a dançar! Esta noite está mesmo do caraças!

Eu ainda me lembro do nome dela (como o poderia esquecer?!) e ela ri-se, alegre e surpresa. Ao perceber que estou só no baile (porque, entretanto, perdi o casal amigo), apresenta-me às suas amigas e recebem-me no seu grupo. Espectáculo! Ela não só é gira e tem um sorriso magnífico, como também é simpática e atenciosa! Ao longo de três horas, conversamos muito e dançamos ainda mais – não há dúvida que ela está a gostar da minha companhia. Fico a saber que mora em Sintra e é professora de música. Entretanto, conduzo-a numa mazurka europeia e ela, ao descobrir que também sei dançar a kizomba, pede-me que a ensine. Acabo por ensiná-la a ela e também às amigas. Noto pelas reacções delas que estão muito bem impressionadas pela minha pessoa. É natural, já que, a juntar ao meu charme e simpatia naturais, a noite me está a correr lindamente e eu sinto-me on top of the world! Esta noite não está do caraças, está é inacreditável!

É, portanto, com alguma pena que, pouco depois das três da manhã, e pressionado pelo casal amigo, dou por terminado o baile – a noite avança e nós ainda somos esperados noutras paragens, para outras festas. Ao despedir-me da minha nova amiga, peço-lhe então o seu número de telemóvel. Ela demonstra ser uma pessoa fora do vulgar, de enorme vivacidade e boa disposição, e revelando, ao mesmo tempo, uma maturidade que excede os seus 23 anos de idade. E eu quero definitivamente conhecê-la melhor. Contudo, durante um cagagésimo de segundo (não mais!), ela parece hesitar, antes de me dar o seu número. Mas dá-mo.

... Para, logo de seguida me avisar que está noiva e prestes a casar! Arrrrrgh! Eu devia ter adivinhado! Era bom demais para ser verdade!... Oh, well! That’s life. Win some, lose some. Cheguei atrasado. Devia tê-la conhecido há uns anos atrás. Talvez na próxima encarnação tenha mais sorte... Seja como for, passei uma noite espectacular, na companhia de uma pessoa excelente. E isso é que importa. Entretanto, outros bailes virão. E outras miúdas também. “Next!