sábado, junho 12, 2004

INSEGURANÇA NACIONAL

No jogo inaugural do Euro 2004, Portugal defronta a Grécia, naquele que é o primeiro encontro da fase de apuramento do Grupo A (ena pá!, a falar assim, parece mesmo que eu até percebo de futebol!). Infelizmente, e se não tem sido o golo de Cristiano Ronaldo já em tempo de compensação, a equipa das quinas engolia dois secos que teriam sido de mui difícil digestão. Vá lá, salvou-se parte da honra portuguesa por intermédio do bonito golo que o puto marcou.

Em Fão (perto de Esposende), na casa de praia de uns tios meus, assisto ao desafio. Assisto é maneira de dizer – a verdade é que, pouco depois do golo de Karagounis, adormeço e assim passo toda a primeira parte do jogo. Da segunda parte, aproveito apenas os últimos quinze minutos; o resto do tempo dedico-o à leitura de um almanaque da Disney (da Disney, hã?! Vejam lá bem o que eu ligo ao futebol, se até um Patinhas me chama mais a atenção!).

Apesar de tudo, noto diferenças abismais no jogo da selecção nacional entre os minutos iniciais e os minutos finais. À entrada em campo, a equipa portuguesa é um conjunto nervoso, cheio de deferência e salamaleques a tratar a bola e denunciando uma enorme carência de confiança, o que provoca falta de unidade na equipa. Só no final, depois de engolir os dois secos, e quando a esperança de ganhar diminui desesperadamente, é que parece controlar-se minimamente e se desdobra no sentido de virar o resultado.

Porque razão parece a selecção jogar melhor quando está na mó de baixo? Simples: devido à pressão das expectativas. Para uma equipa que, como a portuguesa, tem claramente um grave problema de falta de confiança, a pressão de ganhar e fazer boa figura não só perante o seu país, mas também perante todas as nações que recebe para a competição, é esmagadora. Nestas condições, o fantasma da derrota e da humilhação cresce desmesuradamente e abafa a força de vontade da equipa, tornando-a hesitante e desconcentrada. Fraca.

Consequentemente, só quando o jogo parece perdido, após dois golos da equipa adversária, é que o medo da derrota, por parecer tão certa e inexorável, se desvanece (perdido por cem, perdido por mil, não é?). E, somente a partir desse momento, a equipa começa a jogar melhor.

O que é verdade para o indivíduo, é também verdade para o conjunto. Vamos a ver como se comporta a equipa no próximo jogo. Não quero ser pessimista, mas, sem auto-confiança, esta equipa não tem estofo para chegar muito mais longe. Nem merece.

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