sexta-feira, abril 14, 2006

GRINDING THE CORN

Assisto a “Sete Palmos de Terra,” uma das séries para televisão que mais aprecio actualmente e das raras que sigo com alguma regularidade. No episódio desta noite (n.º 48 da quarta série), justamente intitulado “Grinding the Corn,” a jovem Claire (Lauren Ambrose), membro mais novo da família Fisher (à excepção da plácida bebé Maya, que não conta, porque a sua contribuição para a acção se limita a um ou outro arrulho e alguns sorrisos inocentes), vê a sua reputação sexual abalada quando a sua despeitada ex-namorada Edie (a deliciosa Mena Suvari, repescada do magnífico “American Beauty,” de Sam Mendes) divulga entre os colegas da universidade que a pobre Claire nunca atingiu um orgasmo na vida. De imediato surge o seu colega e amigo Jimmy (Peter Facinelli), que se voluntaria para proporcionar o tão almejado (mas fugidio) orgasmo à pequena Claire, revelando que “ouviu falar de uma nova técnica que gostaria de pôr em prática.”

Curiosamente, uns meros cinco episódios antes, este mesmo Jimmy já tentara levar a dita menina às estrelas... falhando olimpicamente. A coisa murchou (literalmente) assim que o par se enfiou debaixo dos lencóis e ele perguntou à rapariga o que queria que ele fizesse. Ela, inibida, não foi capaz de dar uma resposta e o nosso campeão... encalhou. A justificação do desajeitado rapaz: “Se não me disseres o que queres que eu faça, como esperas que te satisfaça?...” Ela encolheu os ombros e o grande pascácio, à falta de um pouco de imaginação e iniciativa, deixou-se ficar. Fade out. (Comentário do Jacaré: “Faz-te homem, seu prepúcio frouxo! É preciso desenhar-te um mapa para dares com o El Dorado, ou quê?! Gajos como tu não são dignos nem dos calos da própria mão! Se é que os tens!! Aposto que bates punheta de luvas, ó caraças!!!” Fim de citação.)

Porém, regressado e subitamente transformado num inopinado guru do sexo, o jovem Jimmy monta a menina no seu foguetão de bolso e leva-a a ver as estrelas. Findo o acto, a grande revelação: “Esta técnica chama-se ‘moer o milho’ [grinding the corn, no original]. Sabes quando se usa um pilão e um almofariz para moer o milho? Bom, então imagina que, em vez de se friccionar a cabeça do pilão de encontro ao fundo do almofariz, se fricciona o cabo de encontro às paredes.”

Cai-me o queixo. Esta é que é a nova técnica?! Porra, não admira que a pobre Claire andasse a jejum de orgasmos! Estes américas dão um nome da tanga a uma coisa tão básica quanto uma estimulação clitoriana e pensam que descobriram a pólvora?! Que cambada de incompetentes! Aprendem uma técnica, uma fórmula, um mero procedimento mecânico, e já se julgam os gurus da cena! E, no fundo, não percebem como nem porquê que as coisas funcionam como funcionam. Corja de ineptos sem o mínimo préstimo e completamente falhos de engenho e arte!

Quanto a mim, parece-me óbvio que, pressionando o fuste do pilão (ou pilinha, isso agora depende de cada qual) contra as paredes do almofariz, ou seja, a zona anterior da vagina, se consegue uma estimulação directa do clítoris (assumindo que todos sabem o que é e onde o encontrar, claro), daí advindo maior prazer para a mulher. Além disso, a fricção do mangalho nessa zona proporciona também uma maior estimulação da área mais sensível da vagina da mulher, localizada bem perto da entrada, logo atrás do meato urinário. Outra técnica utilizada para a estimulação vaginal (já que o pessoal gosta tanto de fórmulas) é enfiar apenas a cabeça do bastão na vagina e retirá-la de seguida, repetindo-se o procedimento as vezes que se quiser. Esta técnica tem a vantagem de proporcionar também um enorme prazer para o homem, já que estimula directamente a glande (não recomendado para aqueles que têm dificuldade em controlar a ejaculação).

Agora, antes de irem a correr pôr em prática estes ensinamentos, lembrem-se que técnica sem sentimento não passa de acto maquinal desprovido de essência e significado. E, para a próxima vez, ao invés de olharem só para os bonequitos do “Kama Sutra,” experimentem lê-lo.

6 Comentário(s):

A domingo, 28 maio, 2006, Blogger Sandra Pereira comentou:

Só tu, oh guru do sexo ( assim te chamarm outrora)...

 
A quarta-feira, 31 maio, 2006, Anonymous Anónimo comentou:

Porra, ó lagartinho de bolso, modéstia é bonito. Se quiseres, empresto-te um bocado. Sabes, esse tipo de atitude ("guru do sexo","I'm the best"), pode dar algum resultado com algumas miúdas, mas se elas vão nisso, é pq não teem mais que um dedo de testa.
Se é isso que queres, metê-lo em miudas estúpidas, tás à vontade, apresento-te umas qtas, tu salta-lhes pra cima, e depois podes vir gabar-te para aqui, a dizer que leste o kamasutra, és um deus do sexo, percebes tudo sobre isto, és um don juan.
Ou então, podes tentar ser uma pessoa mais humilde, sem esse ego que já te sai pelas orelhas, e tentar conquistar nao pela tua sapiencia sobre a glande, vulva, meato urinário, bla bla bla (vulgo, saber comer a gaja, na tua linguagem), mas sim pela simpatia, personalidade, e principalmente dedicação. Não me parece que com um post destes, sejas o tipo de pessoa que alguma rapariga acharia interessante. Isto , se fores assim no dia-a-dia...

 
A sexta-feira, 02 junho, 2006, Blogger Jacaré Voador comentou:

Caramba, caro amigo, isso soa tanto a dor de cotovelo! Ou isso, ou a carapuça serviu-lhe e bem! Vá, confesse lá, você só folheou o Kama Sutra pelos bonecos, hã?

 
A terça-feira, 06 junho, 2006, Anonymous Anónimo comentou:

nao, nao é dor de cotovelo. e por acaso, nunca li o kama sutra completo, nao por falta de interesse, mas sim por falta de tempo. simplesmente parece-me que o rapazinho se esta a esquecer da parte em que as raparigas nao são só pra sexo. tb teem coração. se nao o souber, eu dou-lhe umas aulas de anatomia. caso contrário, seria de esperar que já lhe desse o devido valor. agora, se por acaso nao tivesse medo de ter o coração de uma rapariga, aí sim, teria todos os motivos para se vangloriar, porque realmente é algo muito bom. de resto, se se esconde por trás de sexo, para dizer a si próprio que é um engatatão, tem as miudas todas, só porque lhes salta para a espinha, então é digno de pena. não tem ideia da asneira que diz. a parte mais agradável de uma rapariga, não fica entre as pernas, mas sim no peito. e nao tou a falar nos seios, para o caso da sua mente estar a escorregar para a braguilha (onde parece ser o lugar dela). conquistar uma rapariga, ter o afecto dela, ter a companhia, tudo isso vale mais que uma simples queca. raparigas para dar quecas, tive mais do que me consigo lembrar, mas nada que se comparasse ao facto de estar feliz e conhecer algo mais que sexo, junto de outra pessoa. sendo assim, talvez tudo isso seja só uma fachada para se esconder do facto que tem medo de sentimentos, medo de se apaixonar, medo de se entregar a alguem e ficar vulnerável. o venerável amigo poderá confundir sexo com amor, apesar de ser bastante distinto. se nao for o caso do medo, entao é pena, pois alguem que nao tenha medo de se apaixonar e decida marcar pessoas como objectos de estudo. sabe, nem freud conseguiu entender as pessoas, mas o caro amigo pensa que sabe tudo sobre sexualidade. tem as raparigas na palma da mão, "come" as que quer . assim é digno de pena, apenas.

alem disso, falando em carapuça, ja que o seu conhecimento é TÃO grande, deverá saber também que o jacaré é um animal ovíparo, de modo que sexo, nem vê-lo. será que essa carapuça lhe serve a si? parece-me que sim....
vá é tratar-se, deixar de fora um bocado desse ego, e procurar ser alguem mais sensivel, nao? machismo está um bocado fora de moda.

 
A quinta-feira, 08 junho, 2006, Blogger Jacaré Voador comentou:

Ena, que grande testamento! Devo ter pisado inadvertidamente num calo qualquer...

Caro amigo, permita-me chamar-lhe a atenção para o último parágrafo do meu texto, onde digo que "... técnica sem sentimento não passa de acto maquinal desprovido de essência e significado."

Creio que isto deveria ser suficientemente revelador de que, apesar de bem versado nos prazeres carnais, não interessa ao Jacaré o sexo pelo sexo. Aliás, repare: eu disse "bem versado nos prazeres carnais," ou seja, bem informado, conhecedor. Não confunda as coisas. Porque se eu pretendo vangloriar-me seja do que for, é da minha sabedoria, e não da minha potência sexual.

Que me acuse de ter um ego gigantesco, muito bem, mas que o faça pela razão certa: não porque tenho a mania que sou bom na cama, mas sim porque tenho a mania que sei o que fazer na cama. É diferente.

Por último, proponho-lhe um desafio: releia com atenção - e isenção - este texto (e, já agora, todo o meu blog. Comece pelo texto "O Amigo do Inimigo") e indique-me uma única referência daquilo que me acusa: de usar o sexo para engatar raparigas. Se encontrar, venha a correr mostrar-me e eu terei todo o prazer em dar o braço a torcer. Caso contrário... olhe, deixe lá. Pode ser que a leitura do meu blog lhe ensine alguma coisa. Nem que seja a informar-se melhor sobre um assunto antes de emitir opiniões descabidas.

 
A sexta-feira, 09 junho, 2006, Anonymous Anónimo comentou:

Ena, ena... Se isto não parece um duelo entre mestre e o SEU discípulo...??!!

 

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