quinta-feira, abril 22, 2004

OS GAJOS QUE ELAS ESCOLHEM

É normal ouvir as mulheres reclamar dos homens. Somos sempre tudo o que de pior existe à face da terra: egoístas, insensíveis, convencidos, brutos, estúpidos, porcos e fracos. E infiéis, claro. Pela minha parte, contudo, nunca me senti minimamente identificado por esta definição. Por esse motivo, irritava-me profundamente este tipo de generalização. Mas, hoje em dia, já não. Elas têm razão.

Não me interpretem mal. Continuo a não me sentir minimamente identificado pela definição. Simplesmente compreendo melhor o que elas querem dizer (e, se calhar, até melhor que elas próprias): elas limitam-se a falar daquilo que conhecem. E, de uma maneira geral, os gajos que já lhes passaram pelas mãos são exactamente aquilo que elas os acusam de ser.

O gajo que tem mais sucesso com as raparigas é normalmente aquele que as tem em menor consideração. Arquétipo do macho dominador, ele é egoísta, selvagem e cruel. Para ele, todo o Universo gira à volta do seu umbigo. Não tem consideração pelos sentimentos de ninguém, salvo pelos dele próprio, e divide as mulheres em duas categorias: a daquelas que ele comeu e a daquelas que ele vai comer. Elas, iludidas, admiram a sua imensa “auto-confiança,” que o faz dominar tudo e todos. Porque a elas atrai o gajo que é seguro de si e não há ninguém que lhes pareça mais seguro de si próprio que esta besta.

Como é que elas se deixam iludir por este animal? Simplesmente porque ele possui... o Factor Piu-Piu! Eu explico: o Piu-Piu, como toda a gente sabe, é aquele passaroco cabeçudo amarelo que passa a vida a infernar a vida ao pobre gato Sylvester. É irritante, sarcástico, cruel e um sacana nojento desprovido do mínimo escrúpulo, mas as meninas adoram-no porque ele é queridinho e encantador e fala à bebé (característica altamente detestável). Cegas para os seus defeitos, elas chegam a justificar o seu comportamento diabólico e vingativo com a acusação de que o gato é que é o mau, por tentar constantemente comê-lo! Ora, que raio de culpa tem o pobre Sylvester da Natureza o ter criado gato e predador? O cabrão do pássaro é que é contranatura, já que não se deixa comer, como lhe dita o papel que lhe compete na hierarquia da cadeia alimentar!

Seja como for, o que interessa realçar é que, exteriormente, e apesar de todos os seus defeitos, o gajo que come todas as gajas é altamente encantador. Pode ser lindo e vestir bem, ou ter um bom carro ou uma boa mota, ou falar bem e mostrar muito à-vontade com as pessoas e o mundo em redor. Pouco importa. Há é necessariamente algo que o destaca da multidão. E o torna cativante.

No extremo oposto a este, está o gajo Sensível. Como o próprio nome indica, ele é sensível, romântico, leal, idóneo e tem em enorme consideração os sentimentos dos outros. Ou, neste caso, das outras. É o Homem Perfeito. Mas, não se deixem enganar: ele é um triste e não come gaja nenhuma. Porquê? Porque, com todos os seus bons sentimentos, raros são os Sensíveis que não se deixam pisar pelas gajas. Podem ser maravilhosos e nutrir sentimentos verdadeiramente nobres para com as raparigas, mas, para elas, são apenas fracos. E elas gostam é daquele que lhes dá luta, que as mete na ordem quando elas se excedem, que manda um berro quando lhe pisam os calos. No fundo, aquele que tem amor-próprio e que elas podem respeitar. Não um capacho. Capacho é que serve para pisar.

Infelizmente, como elas não conseguem distinguir amor-próprio de egoísmo, estão condenadas a deixar-se iludir (e comer) pelos Piu-Pius deste mundo, que as usam e deitam fora e ainda se ficam a rir da cara delas. Porque sabem que elas estão desesperadas para encontrar quem as ame e que tudo farão em prol desse amor. Até mesmo dar-lhes outra oportunidade... de as enganar.

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