sábado, abril 10, 2004

CONCERTO EM MORTÁGUA

O programa de festas organizado pela minha prima para o fim-de-semana em Coimbra continua. Noite de Sábado: concerto. Em Mortágua, um “filho da terra,” de nome Leitão, organiza a II Mostra de Música Moderna. Na Associação Popular Desportiva e Cultural Gandarense tocam nessa noite os Mad Rats, os Speeding Bullets, os Hornet e os Ex Lovers Sex. E nós estamos lá. O concerto está agendado para as 22h, mas nós chegamos pouco depois das 18h, porque somos os groupies dos Mad Rats e a banda precisa de ir mais cedo, para montar o material e fazer o check sound.

A Associação Gandarense é um edifício de dois pisos, cuja quase totalidade do piso superior é um enorme salão principal, com o palco posicionado num dos topos. O problema é que a obra está inacabada e totalmente desprovida de revestimentos, o que significa que, para onde quer que um gajo olhe, só vê betão. Conclusão: o edifício é uma verdadeira câmara frigorífica. Rapa-se lá um frio que nem na Era Glaciar! E a tarde é uma looonga sucessão de montagem de material e check sound de tudo o que é banda. Ou seja, brutal seca! Felizmente, a longa espera é largamente compensada pelo excelente jantar servido pela organização. Ou então, sou eu que estou c’uma galga do caraças! Como duas pratadas daquele Arroz à Valenciana, que me lambo todo!

Finalmente, o concerto começa. Com uma hora de atraso, mas que é lá isso para quem gelou lá a tarde inteira! Factor gajas: p’ra esquecer!, que isto aqui é a Festa da Mangueira! Sobem ao palco os Mad Rats. Com as suas punkalhadas frenéticas, os gajos até conseguem aquecer um pouco o ambiente. Infelizmente, vítimas de um deficiente som de retorno (e, quiçá, também de alguma falta de experiência), perdem-se um pouco em algumas alturas e acaba cada um a tocar para o seu lado. Não obstante, não é isso que dá cabo do espectáculo. O pessoal curte. E, se tiverem oportunidade, curtam vocês também no dia 8 de Maio, na Wild Box, na Caixa Económica Operária, em Lisboa, juntamente com os Bruto & Cannibal (mais info no site dos Mad Rats em mad_rats.tripod.com).

Seguidamente, sobem ao palco os Speeding Bullets. Banda rockabilly, muito madura e de excelentes músicos, animam as hostes com bastante à-vontade e savoir faire. Na minha opinião, a melhor prestação da noite. E também a melhor guitarra. Só foi pena o som do contrabaixo (gentilmente cedido pelos Texabilly Rockets, ex-Texabilly Rockers, actualmente em digressão pela Europa) não se ouvir pevas, apesar do Bruno nele malhar forte e feio. A ver mais uma vez, também na Wild Box, no dia 1 de Maio, juntamente com os Dr. Frankenstein (estarei lá! Count on it!).

Os Hornet revelam-se uma enorme desilusão. Detentores de um rock progressivo altamente tecnicista, os tipos até malham bem – e a banda é uma máquina perfeitamente oleada. Têm técnica, sim. Muita. Só é pena não terem alma. A despeito de todo o esmero do vocalista numa desesperada luta para exorcisar os seus fantasmas pessoais encima do palco. A melhor voz da noite, contudo, e apesar do seu show pantomineiro a bordejar o ridículo. Também a melhor bateria. No entanto, a pior prestação da noite. E alívio total para a assistência quando descem do palco.

Por último, tocam os Ex Lovers Sex, a banda mais pintas da night. O vocalista, negro, com os seus óculos escuros de look retro e o seu casaco felpudo, faz lembrar o Lenny Kravitz. Com um som hard rock, por vezes a descambar para um metal mais speedado, é a banda com mais seguidores entre o público. Seguidores que, sozinhos, fazem a festa. E a festa é rija! O pessoal sobe ao palco como se aquilo fosse tudo deles! E culmina com a namorada do guitarrista, em pleno concerto, a simular um broche ao seu mais-que-tudo. Lindo! A continuar assim, esta banda tem o futuro garantido!

Chego a casa às quatro da manhã. Passo em revista os highlights da noite. Ponto mais alto: o jantar, seguido de perto pelos Speeding Bullets. Adormeço cansado, mas saciado e feliz.

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