terça-feira, abril 06, 2004

INSEGURANÇA

A 24 de Março, recebo um pedido de ajuda por parte de uma jovem alma erradia. Diz o nosso amigo (que, a bem da privacidade, vamos manter em anonimato): “eu sou um gajo bué inseguro... sempre que a minha namorada começa a falar num tipo... qualquer que ele seja... que lhe fez isto, ou lhe disse aquilo... começo logo a fazer má cara, à procura de subjectividades em algo que possa ter dito... de subentendidos em algo que possa ter feito... depois tento lembrar-me que ela gosta muito de mim... e que me adora... (...) é claro que eu sei que quando se gosta de uma pessoa, tem-se sempre medo de a perder... mas será que estou acima ou abaixo da média... serei paranóico?”

Meu bom amigo, você é jovem e ainda tem muito que aprender acerca da índole humana em geral, e da feminina em particular. Para começar, descanse: você não é paranóico. Ou, pelo menos, não mais que os outros. Todos nós, que neste momento bisbilhotamos a sua vida amorosa, nos identificamos com a sua insegurança, em maior ou menor grau. Afinal, homem que é homem, leva muito a sério a eventualidade de ser encornado pela sua mais-que-tudo! Mas, ah!, orgulho vão! Desnecessária preocupação! O mundo está dividido em dois grupos: o dos que foram encornados e o dos que vão ser. Calha a vez a todos, portanto, deixe lá isso, que ninguém se fica a rir. Se não for a sua actual namorada a enganá-lo, será outra. E elas, por sua vez, também o serão.

Não gaste tempo “à procura de subjectividades... [ou] subentendidos” no discurso e no comportamento da sua namorada. Isso é ir à procura de chatices. É tão escusado procurar prever e evitar ser enganado como tentar prever e evitar um terramoto em Lisboa. Quando tiver de acontecer, acontece mesmo, mau grado todas as suas preocupações! Portanto, é deixar andar e evitar atrofiar com inquietações inúteis. Lembre-se simplesmente que, se ela lhe fala dos gajos com quem se dá, é bom sinal. Significa que não sente nada por eles. Porque, se ela sentisse, acredite que não lhe diria nada! Você seria o último a saber, como sempre acontece nestas histórias.

Tenha também em atenção que mulher é criatura matreira, que usa o Ciúme como bitola do Amor. Isto significa que ela o pode estar a manipular intencionalmente, no sentido de provocar a sua reacção e testar o seu amor por ela. Se for este o caso (e é mais que provável que seja), nunca lho atire à cara, porque ela o vai negar imperiosamente! Deixe-a ficar com a versão dela e fiquemos nós com a verdade. Quanto a si, faça-se de parvo, entre no jogo dela. Reaja, tal como ela quer, para lhe mostrar que a ama. Mas faça-o só ocasionalmente e não exagere! Mantenha uma certa distância emocional do assunto. Não lhe convém nada passar-se de cada vez que ela fala de outro gajo. Ou, pior, de cada vez que ela fala com outro gajo, ou brinca com ele, ou dança com ele...

A insegurança mina uma relação. Porque ataca a sua base – a confiança mútua. E, se você não confia nela, decida: ou lhe dá com os pés e caga na relação, ou aposta nela e arranja confiança. Se não consegue arranjar confiança genuína (o que leva tempo, dá trabalho p’a caraças e não está ao alcance de todos), pode sempre fingi-la. Para isso, basta tão-somente ignorar a maior parte do que a sua namorada diz – não se preocupe, que não vai perder nada de interesse. O seu grande problema, aliás, é precisamente dar tanta importância ao que ela fala. Porque insiste em olhar o Sol directamente, se lhe magoa os olhos? Feche-os! O que é lhe interessa a si as coscuvilhices da vida dela? “... E ele disse blá e eu respondi blá-blá e ele fez blá-blá-blá...” Que conversa de caca! Ignore-a, homem! Enquanto ela está entretida com os seus mexericos, concentre-se mas é no filme porno da Fernanda Serrano que viu na Net (fake, mas sempre dá para ir sonhando) e vá respondendo “hmm-hmm” ao calhas, para a sua adorada pensar que você está atento à sua verborreia.

Acima de tudo, lembre-se: ela é uma rapariga. E, como quase todas elas, não sabe o que quer! Porque raios está você a dar ouvidos ao que diz alguém que não sabe o que quer?!...

1 Comentário(s):

A domingo, 23 abril, 2006, Blogger matie comentou:

Deixo aqui o comentário ao post Anterior, "27 anos":
É muito simples o motivo da mítica idade dos 27 se ter revelado tão castigadora no meio dos Jotas e agora (enfim, mais actualmente) ter vitimado um Kapa. J. Hendrix, J. Joplin e J. Morrison, integram um elenco dos fabulosos anos 60, enquanto que o K. Cobain provavelmente marcou uma nova era de suicídios célebres... Na verdade até não me lembro de nenhum K. que também tenha cometido suicídio nesta altura... Damn! Mas percebes o meu raciocínio certo?

 

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