quinta-feira, março 11, 2004

TERMINATOR: JUDGMENT DAY

Separo-me daquela que foi, durante mais de quatro anos, a minha namorada, confidente, amiga (ou assim pensava eu). Não é a primeira vez que uma relação minha termina. Nem sequer é a primeira vez com esta rapariga (e burro é aquele que cai segunda vez no mesmo erro). Mas é sempre uma merda. Para ambos os lados, embora seja sempre preferível terminar uma relação no papel de terminador (“Hasta la vista, baby!”) do que de terminado (“Aaaaauuugh!”). Porque a dor maior do terminador resume-se à amarga inevitabilidade de magoar os sentimentos de alguém que lhe foi íntimo, sarapintada quiçá por uma certa consciência da responsabilidade que a si mesmo compete pelo insucesso da relação, enquanto o terminado é obrigado a confrontar-se com o arrasador desespero (e a fria impotência) de ver o seu amor – e, consequentemente, a si próprio – ser irrevogavelmente rejeitado exactamente por quem ama. O terminador escolhe a ruptura, enquanto o terminado é atirado para dentro dela contra a sua vontade. Pela pessoa mais próxima do seu coração. E sofrendo a suprema humilhação de ser considerado “inapto”. Inadequado. Insuficiente. Inferior. Ser rejeitado é o pior que pode acontecer ao ego de um gajo. É levar um pontapé no orgulho. Uma punhalada na auto-confiança. Um tiro no amor. “Hasta la vista, baby!

Confesso que já fui mais vezes terminado que terminador. A culpa é toda minha, porque, mesmo nos casos mais negros e desesperados, e a despeito de todas as concludentes provas em contrário, eu teimo sempre em ser cego e acreditar no sucesso da relação. Assim, são elas, porventura mais pragmáticas (ou simplesmente fartas de me aturar!), quem normalmente rói a corda. Mas, tudo bem. Não me queixo. Um homem tem que ter tomates para aceitar aquilo que é. E eu sou um romântico incurável. E também cego, ingénuo e um bocado otário.

Mas, à força de muita cabeçada, lá vou aprendendo. E, mesmo depois de alguns “hasta la vista,” continuo vivo para contar a história! Rejeição é mortal? Não! Claro que não. É apenas algo que dói p’a caraças. É uma situação madrasta, concordo, mas uma de alguns benefícios, quando aproveitada com uma boa dose de sapiência e maturidade.

A rejeição ataca em várias frentes, mas, de uma maneira geral, todas elas podem ser eficazmente repelidas e com o mínimo de baixas. A única frente que não pode ser combatida, é a que está infiltrada directamente no coração do defensor: o amor pela vaca traidora. Contra essa força não se pode lutar. A única solução é deixar morrer. Porque (e escrevam isto, que é importante) o amor só dura enquanto é alimentado. E porque é alimentado.

Portanto, para deixar o amor morrer, há que o privar de alimento, ou seja, cortar radicalmente com a cabra aleivosa. Eliminar todo e qualquer contacto, mudar de escola, de emprego, até de país (se necessário for) e esquecer que essa bácora fementida existe – “longe da vista, longe do coração.” E depois, deixar o tempo actuar. Até ficar farto de sofrer pela mesma gaja – nada cura um mal de amor como a exaustão. É pena é o tempo levar tanto tempo para actuar... Mas há que ter fé e aguentar. Estoicamente.

Ou então, arranjar rapidamente outra namorada. De preferência, mais jovem, mais magra e mais bonita. As ex detestam isso. Porque lhes toca exactamente onde mais lhes dói: na vaidade.

Ou então... é cagar de alto nestas teorias da tanga e arranjar mazé uma gaja com um g’anda par de mamas. Isso ajuda sempre um homem a sair da fossa.

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