sábado, outubro 23, 2004

“CONFISSÕES DAS MULHERES DE 30”

“Os 30 anos são a idade do agora ou nunca,” diz Maria Henrique. “É agora ou nunca que eu vou ter sucesso profissional, é agora ou nunca que vou ter o casamento perfeito, é agora ou nunca que vou ter filhos. E quero tudo a que tenho direito! Se tiver sucesso profissional, mas não tiver marido, serei infeliz. Se tiver marido, mas não tiver sucesso profissional, serei infeliz. Ah, mas se tiver sucesso profissional e marido... provavelmente também serei infeliz!...”



Assisto à peça “Confissões das Mulheres de 30,” em exibição no Auditório Armando Cortez, na Casa do Artista. No palco, Maria Henrique, Fernanda Serrano (bela grávida) e Margarida Marinho (já com 41 anos, mas uma excelente febra!) discorrem sobre os seus amores e desamores, os seus sonhos, as suas ilusões e desilusões, as suas inseguranças, as suas raivas e neuroses, as suas preocupações, as suas incongruências, as suas insatisfações, as suas tristezas e alegrias. Em suma, falam sobre a Vida. A Vida vista pelo ponto de vista feminino, claro está. Condimentado com muito sentido de humor e ironia, a que não é estranha a consciência do papel patético e absurdo que, não raras vezes, as mulheres desempenham no surreal teatro da vida. Mas estas três senhoras sabem que ninguém está livre de fazer figuras tristes e tomam a única atitude inteligente face a este facto: assumem os seus actos e riem-se de si mesmas. Com muita sinceridade, diga-se de passagem. E excelente resultado.

“Ser bonita é muito difícil,” confessa Fernanda Serrano. “Quando uma mulher bonita é rejeitada por um homem, pensa que isso aconteceu porque, apesar da beleza, no fundo, ela é uma pessoa terrível. E quando não é rejeitada, ela pensa que o homem só gosta dela pela beleza, porque, no fundo, ela é uma pessoa terrível.”

Há que amar a mulher, pois é um ser tão belo, único e extraordinário quanto complexo. E é precisamente com essa ideia que uma pessoa abandona o teatro. Não há tratados ou fórmulas mágicas que expliquem a combinação – tantas vezes contraditória – que é a mulher. A sua beleza advém precisamente do facto dela ser complexa, contraditória (o que não significa que seja desprovida de lógica) e, quando menos se espera, absolutamente imprevisível. E só a compreende (e ama) verdadeiramente aquele que percebe isto.

“Então e o homem bom de cama?” E elas riem-se, como se essa criatura fosse uma perfeita quimera, após terem classificado os diferentes tipos de homens consoante as suas prestações na cama. “Não, agora a sério... O homem bom de cama são todos os homens que vieram ver esta peça!” Muitas palmas entre a assistência. E, não obstante a evidente nota bajuladora da afirmação, concordo. Porque o “homem bom de cama” é necessariamente um gajo que compreende (ou procura compreender) a mulher, ou seja, que se interessa genuinamente pelo que ela tem a dizer. E só um gajo desses quereria assistir a esta peça.

Destaque para uma citação final, um verdadeiro pensamento de Jacaré (e, curiosamente, uma opinião que eu próprio já venho proclamando há uns tempos): “Ter 30 anos é uma posição de abrangência estratégica: pode-se namorar homens de 20, 30, 50 anos... sem que ninguém lhe chame tarada.” Brindo a isso!... Embora, pessoalmente, não tenha nada contra as taradas, note-se bem.

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