sexta-feira, setembro 03, 2004

“FAHRENHEIT 9/11”

Michael Moore, o escritor, produtor e realizador de “Fahrenheit 9/11” (e também de “Bowling for Columbine,” a ver a todo o custo!) é um bom sacana! Com aquele seu corpo anafado e o ar meio otário e de quem não quebra um prato, o gajo vai fazendo uns bons estragos! Desta feita, o alvo visado é George W. Bush, num filme/documentário que, tal como o jOhn, um dos meus melhores amigos, diz, serve para os americanos abrirem os olhos. E eu digo: para abrirem os olhos para a merda que comem todos os dias... e gostam!

O filme abre com uma exposição da polémica criada em torno das eleições que tornaram George W. Bush Presidente dos Estados Unidos da América, revelando as ligações, os esquemas e as falcatruas que tornaram o facto possível. Depois, dá uma ideia da vida dura deste Presidente ao longo do seu mandato, trabalhando arduamente nos campos de golfe e de papo para o ar no rancho do papá. E, finalmente, partindo do atentado de 11 de Setembro ao World Trade Center, desvenda a verdade suja e escusa por trás do negócio da guerra do Iraque – as parcerias e as relações comerciais da família Bush com os sauditas e a família bin Laden. E a batelada de dinheiro que essa gente andou a ganhar antes, durante e depois da guerra.

Tudo isto leva um gajo a pensar... até que ponto é que não foi tudo planeado. A começar pelo atentado ao WTC. Detesto teorias da conspiração, mas a verdade é que a guerra é, sem dúvida, o negócio mais lucrativo de sempre. E estes gajos souberam aproveitá-lo. Demasiado bem.

E às custas de milhares de vidas. De inocentes? De ingénuos, isso sim. De americanos de baixos estratos sociais, à procura de uma maneira (uma qualquer!) de singrar na vida, engajados pelo Exército para serem deportados para o meio do deserto, no outro lado do Atlântico, num país que foram ensinados a temer e odiar, e para, patrioticamente, matar iraquianos (militares ou civis, pouco importa – bad guy é bad guy e eles parecem todos iguais!) ao som de “The Roof is on Fire,” porque querem “ver Bagdade a arder.” Michael Moore fala com estes soldados e vemos uma cambada de putos imberbes enviados para a guerra a pensar que aquela merda é mais um jogo de computador. Imaginem o choque quando descobrem que não é. E imaginem o choque maior quando, finalmente, se apercebem que foram mandados para o Iraque para fazer o trabalho sujo do Governo Americano, que, refastelado em casa, com os rottweilers à porta, vai metendo o dinheirito ao bolso. Enquanto putos equivocados matam e morrem numa guerra que não é deles.

Não é por acaso que o filme fecha com citações de George Orwell do sublime “1984” (um dos meus livros preferidos de sempre, a par do “Admirável Mundo Novo,” de Aldous Huxley). Porque, meus amigos, isto é “1984,” cuspido e escarrado – o controlo da população pela cultura do medo irracional a um inimigo estranho e incompreensível e a manutenção de um perpétuo estado de guerra que tanto alimenta como é alimentado por esse medo.

Ao sair da sala de cinema, uma pergunta pesa-me mais que todas as outras na cabeça: quanto dinheiro e poder precisa um gajo para se sentir feliz? Ou, por outras palavras, quantas pessoas precisa um gajo de pisar e/ou matar para satisfazer a sua sede de dinheiro e poder?... Aparentemente, o céu é o limite (... ou deveria dizer “o Inferno é o limite”?), para gajos como George W. Bush.

Já o disse antes e volto a dizê-lo: é por coisas destas que eu acredito que a raça humana está destinada à extinção. O homem tem medo do próprio homem. Vamos acabar por nos devorar uns aos outros. Até o último de nós morrer de indigestão.

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