“SHREK 2”
Assisto (finalmente!) ao filme “Shrek 2,” da Dreamworks. O filme é muito bom, um verdadeiro espectáculo, mas não o considero (nem de perto!) superior ao primeiro, conforme muita gente me tentou (e tenta) convencer. Para começo de conversa, considero o argumento o primeiro filme muito mais inovador e consistente, com a total subversão das leis mais básicas dos contos de fadas tradicionais a culminar na genial transformação final da princesa da praxe numa ogra (isto existe? Ou deveria dizer “ogre fêmea”?) e que, a despeito de todas as tangas que a moderna sociedade de consumo nos impinge, atinge a felicidade ao tornar-se baixinha, gordinha e de pele verde.
Este segundo filme volta, obviamente, a apostar na mesma fórmula que o primeiro. E, previsivelmente, volta a resultar. Contudo, pelo caminho perdeu alguma da originalidade e frescura que o primeiro filme tinha. Tenta compensar esse facto com acção desenfreada e grandes efeitos visuais, assim como com inúmeros gags a evocar momentos chave de tantos outros filmes que fizeram história (artifício que se usa muito em comédia e que resulta sempre bem – porém, não passa disso, de um artifício. Não é comédia a sério). Tudo fogo de vista. Que, na minha opinião, não serve para esconder a pouca coesão do conjunto.
O Gato das Botas, de quem ouvi falar tão bem, é a imagem perfeita da falta de consistência que encontro no filme. Quer dizer, que raio de assassino a soldo é este que, de um momento para o outro se passa para o lado do adversário, desonrando completamente o contrato que se comprometeu a cumprir, sem sequer parar para ponderar o assunto? É a sua honra que está em jogo, que diabo! A situação é, no mínimo, pouco credível. Mesmo a sua relação de rivalidade com o Burro, que poderia ter gerado mil e uma situações interessantes, acaba por ser pouco ou nada aproveitada (e até mesmo repudiada!)... Quase parece que os próprios criadores tiveram medo que os espectadores acabassem por preferir o Gato ao Burro e, por isso, tivessem resolvido cortar logo o mal pela raiz e fazê-los aliados. Pela minha parte, escusavam de se ter preocupado – prefiro mil vezes o chato tagarela do Burro ao kiss ass do Gato. Nobody likes a kiss ass.
E os erros! O filme tem um monte de erros flagrantes! Quando o Gato ataca o Shrek, por exemplo, lhe salta para dentro da roupa e lhe sai pelo peito, rasgando a camisola (numa cena demasiado Alien para ser coincidência), a camisola não fica rasgada! Pelo contrário, reconstrói-se imediatamente e durante a própria cena! E no final do filme, quando o Shrek volta a transformar-se em ogre, aparece automaticamente com as suas roupas de sempre, em vez da fatiota ridícula de humano que o gajo envergava na altura da transformação. Não se percebe porquê, já que, aquando da sua transformação em humano, as suas roupas de ogre se mantêm!
Mas não pensem, caros leitores, que detestei o filme. Longe disso! Muito pelo contrário, adorei! Gostei especialmente da personagem do Pinóquio (que, aliás, já tinha curtido no filme anterior)! E delirei com o Dragon Punch que a Fiona desfere durante uma das cenas de luta. Lindo! O Ryu e o Ken haveriam de ficar orgulhosos dela! E, na verdade, esse momento é tão bom quanto o momento em que o Shrek faz o Tombstone, durante a luta livre no primeiro filme!
Mas há algo que me deixou a pensar... A poção que o Shrek e o Burro tomam também afecta as almas gémeas, certo? Ora, o Shrek e a Fiona tornam-se humanos, e o Burro um belo garanhão. Pergunto eu: e a Dragoa?! Em que diabos se terá transformado a Dragoa? Numa... baleia voadora? Hmmm... Serei eu o único a reparar nestes pormenores? Serei eu o único a perder tempo com estas considerações?... I wonder...
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