sexta-feira, outubro 13, 2006

PLANETA DORME

O segundo caso exemplificativo da espantosa falta de profissionalismo que grassa no mundo do trabalho neste nosso país é tão cómico que toca as raias do absurdo. Se acaso o leitor está minimamente integrado no mundo da dança em Lisboa, certamente já ouviu falar da associação Planeta Dança, responsável pela Escola das 1001 Danças, sediada no Ateneu Comercial de Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão, 110). Esta escola, como o próprio nome indica, orgulha-se de apresentar uma gama de aulas dos mais diversos estilos de dança. Do Tango Argentino à Salsa, das Danças de Salão ao Hip-Hop, das Danças Orientais às Africanas, das Danças Europeias às Brasileiras, não há dúvida que eles oferecem um planeta de dança a quem o queira descobrir.

O cérebro por trás desta iniciativa é um gordalhão desgrenhado e antipático chamado Joaquim Ambrósio (ele há pais com um sentido de humor lixado), mais conhecido no mundo artístico por Kim (como se imagina, o K é uma tentativa – gorada – de dar um certo estilo a um diminutivo banal. O resultado é um nome de gaja. Que ideia infeliz. Mais valia ter assumido o Q, que até tem mais a ver com a figura, digamos, rotunda da personagem). A sua notável pança, que, desconfio, apenas os suspensórios impedem que se derrame, espapaçada, no chão, é uma implícita afirmação de que este Kim é, sem dúvida, o próprio Planeta Dança. O planeta inteiro. Ora, tal como o grotesco bandulho do homem, a associação tem vindo a crescer bastante, afirmando-se actualmente como uma referência de vulto na área da dança em Lisboa. Como consequência, atravessa actualmente um período de reestruturação e, por esse motivo, está a recrutar colaboradores (em regime de voluntariado ou então não) para diversas áreas – de administração, dança, design e informática. Logo que tomei conhecimento do facto, enviei o meu curriculum vitae, apresentando-me disponível – e experiente – em mais que uma área. Et voilà! Na segunda-feira passada, recebi um telefonema do Sr. Planeta Dança himself e marcámos uma reunião para o dia seguinte. Em sua casa.

No dia aprazado, sou recebido por um amarrotado Joaquim Ambrósio que parece ter despertado no preciso momento em que eu toquei à porta – apesar de eu ter ligado meia hora antes a confirmar o encontro. Enverga uma camisa vasta como uma tenda (daquelas iglu, para 4 pessoas) e está descalço. Cumprimenta-me com o telemóvel colado à orelha, falando no seu característico tom inexpressivo e económico e, sem me consignar sequer um segundo olhar, deixa-me especado no vestíbulo, enquanto passarinha pela casa, numa tentativa vã de pôr ordem no desmazelo reinante. Quinze minutos depois, quando eu já começo a acreditar ter-me tornado invisível, o repolhudo homem parece ter finalmente encontrado as condições ideais para iniciar a reunião. Após quase uma hora de conversa (muito interrompida por constantes telefonemas), fico a saber que o rechonchudo está cansado de carregar sozinho o planeta no bucho e precisa de repartir o fardo. Ou melhor, precisa de quem faça o trabalho braçal, para ele se dedicar apenas à supervisão. Precisa de quem organize a papelada, desenvolva novos projectos e divulgue as actividades, gira contactos, monte uns computadores, desenhe uns cartazes e trate do site, dê umas aulitas de dança e alombe com uns caixotes se necessário for. Tudo por uma quantia módica, que os fundos são escassos.

Ora eu não estou propriamente interessado em trabalhar por amor à camisola (ainda que a dita cuja albergue 4 pessoas, mais mochilas). Afinal, o primeiro passo para uma pessoa ver o seu trabalho valorizado é fazer-se pagar por ele. Mas sempre quero ver até onde é que isto vai. Pois qual não é o meu espanto quando, esgotado o latim do adiposo indivíduo e após alguns bocejos de fazer corar um leão marinho, o gordimamas adormece à minha frente! Em plena entrevista! Só faltou ressonar.

É escusado dizer que fugi dali assim que pude. Se já antes eu não gramava o seboso tipo, agora ainda tenho uma imagem mais gordurosa dele. O gajo que me perdoe. Admiro o trabalho que ele desenvolve na área da dança, a sério, mas não quero trabalhar com ele. Ele, no entanto, disse que me ligava. Já passaram três dias e ainda nada. Rezo para que tenha perdido o meu contacto...

7 Comentário(s):

A terça-feira, 05 dezembro, 2006, Blogger Sandra Pereira comentou:

Ai jacaré, jacaré. È caso para dizer que pegaste nas asinhas(de jacaré) e voaste dali para fora... Nem parece teu:)
Que é feito de ti? bai dando notixias... bjum godo

 
A quarta-feira, 13 dezembro, 2006, Blogger Jacaré Voador comentou:

Tive que fugir. Aquilo era demasiado homem para mim.

 
A sábado, 23 dezembro, 2006, Anonymous Anónimo comentou:

Que o Jacaré não goste do Kim, ainda vá que não vá; que não queira trabalhar com ele, está no seu direito; que esteja sempre a referir-se à sua gordura, aos seus problemas de concentração e a outros defeitos, acho de um racismo de fazer inveja ao Hitler.

 
A domingo, 24 dezembro, 2006, Anonymous Anónimo comentou:

Para já acho muito ordinário que fales assim de pessoas que mal conheces, e que nem pares para pensar nas consequências negativas que os teus comentários podem ter. Gostava de ver em que buraquinho da consciência te enfiarias se soubesses do mal que podes causar ao Quim, ou em qualquer pessoa de quem fales dessa forma. Por outro lado, pareces-me estar um pouco pró lixado das ideias: se admiras o trabalho que o senhor desenvolve na área da dança, "a sério", então é não queres trabalhar com ele porque... ele tem problemas de saúde? Se ele fosse um executivo magricelas de fatinho engomado deixavas te pagar pelo mesmo dinheiro e andavas caladinho, não era? Queres que eu seja sincera? Tu é que me metes nojo...

 
A quarta-feira, 27 dezembro, 2006, Blogger Jacaré Voador comentou:

A guarda pretoriana entra em acção! Em defesa do Planeta! (Agora ficava bem aqui o tema principal da banda sonora de "Ladyhawke".)

Ao que parece, o pobre Planeta é incapaz de se proteger a si mesmo. "Acho muito ordinário que fales assim de pessoas que mal conheces, e que nem pares para pensar nas consequências negativas que os teus comentários podem ter." Cara amiga, diga-me cá: então e o Sr. Planeta Dança não deveria ser a primeira pessoa a preocupar-se com as consequências negativas dos seus próprios actos? Se ele não quer ser gozado não deveria adoptar uma postura mais profissional? E repare que o profissionalismo tem a ver, acima de tudo, com procedimentos e métodos de trabalho, não com "executivos magricelas de fatinho engomado". Que o Sr. Planeta Dança prefira um ambiente de trabalho informal, nada contra, até aprovo, mas daí a privilegiar a falta de tacto (para ser simpático) e o desmazelo...

Eu não quero trabalhar com ele porque abomino o seu método de trabalho. Pura e simplesmente. Chame-lhe preconceito se quiser, mas a verdade é que fico mal impressionado com um empregador que mal acusa a minha presença quando me recebe e que adormece em plena entrevista (e tenho a certeza que isto é só a ponta do iceberg). Eu não consigo trabalhar assim. Porém, se resulta para ele e para quem trabalha com ele - e, a julgar pelos resultados, parece que sim -, muito bem. Nesse ponto, só lhe posso dar os meus sinceros parabéns pelo sucesso da Associação Planeta Dança.

Quanto às minhas inúmeras referências à obesidade da personagem, que posso eu dizer? É tudo verdade! O Sr. Planeta Dança é um gordalhão, rotundo, barrigudo, repolhudo, rechonchudo, bucha, adiposo, gordimamas, seboso, gorduroso. Serei eu racista por chamar as coisas pelo seu nome? Talvez sim. Mas maldita seja esta mania moderna do politicamente correcto! As pessoas são tratadas como coitadinhos desprovidos do arcaboiço psicológico que lhes permite rir de si mesmas. E comportam-se como tal.

 
A quinta-feira, 07 fevereiro, 2013, Blogger Wanderson Andrade comentou:

Bom, que posso eu dizer?...eu que trabalhei mais de 1 ano com ele...o conheci um dia por apresentação de um outro amigo e no outro dia estava eu lá para iniciar o trabalho no seu homeoffice :o) ...aceitei pela total informalidade da coisa (eu não estava mesmo afim de algo formal) só queria continuar meus estudos e descolar alguns trocados $$$ ... mas resumindo, achei muito engraçado o relato do Jacaré...hilário mesmo, ele conseguiu descrever em palavras a essência do Graaande Kim...só o que o Jacaré não conseguiu descrever e só conseguiria se tivesse ficado o tempo que eu fiquei lá trabalhando com o Kim (um tempo sofrido confesso), e não culpo o Jacaré por isto, é o lado humano que o kim tem, ele tem uma barriga grande mas o coração é quase do mesmo tamanho da barriga....tenho muitas saudades daquele gigante!.....já tive momentos em que chorei de raiva dele mas momentos em que presenciei a criança que existe por trás de toda aquela adiposidade mórbida....o engraçado é que ele não está nem aí para sua própria saúde, vai vivendo e comendo cada vez mais batatas fritas com frango, e Jacaré me fez lembrar algo: Ele dormia no meio de um diálogo e até mesmo no meio de uma refeição, com o prato de batatas sobre a pança, e a cabeça apoiada nos ombros macios de gordura.....obrigado jacaré por escrever sobre este pançudo, desengonçado, péssimo profissional, péssimo patrão, hiper desorganizado Joaquim Emanuel Ambrósio Moraes, o Kim!

 
A quinta-feira, 07 fevereiro, 2013, Blogger Artpageanalemos comentou:

Ola a todos :) eu tal como o Wanderson, trabalhei com o Joaquim no homefice dele,,,e realmente é verdade,,ele tem tanto de gordo, como de bom coração,,,chorei muitas, muitas vezes a trabalhar no pc,,mas diverti-me bastante também,,em relação ao excesso de peso do Joaquim e do seu desmazelo, nem faço comentários, por tudo isso ser devido a uma extrema depressão que o levou a ficar assim,,a obesidade é uma doença e ele é sómente uma pessoa doente a kerer manter-se a fazer o seu trabalho, naquilo em que sempre foi bom e ainda consegue ser,,o fato de ele ter que trabalhar á distância, desenvolveu nele essa falta de profissionalismo, desmazelo e antagonia perante as pessoas,,pra mim o sucesso do Planeta Dança e da Escola das 1001 Danças, nesta altura, deve-se á enorme qualidade dos seus colaboradores, os quais quase auto gerem as suas próprias aulas e cursos,,ja sem falar da Magda, eterna ajudante do Joaquim, que é a alma dos Eventos na Escola,,não sei se ela ainda colaborará com ele, mas penso que talvez tanbem já tenha esgotado a paciência e tudo o resto,,,muito mais haveria a dizer sobre este assunto mas quis sómente aqui realçar o fato de ele ser uma pessoa muito bondosa mas extremamente doente, ha ja há muito tempo,,,se repararem, dificilmente encontrarão um colaborador dele que diga que ele é má pessoa, ou que não gosta dele,, mas todos eles se queixarão da incompatibiidade de trabalho com ele pelos motivos ja aqui tão falados,,,cumprimentos a todos

 

Enviar um comentário

<< A Goela